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OFICINA:  “Agressividade e Limites: Como lidar?"

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OFICINA: “Agressividade e Limites: Como lidar?"

No dia 23/05/15, foi realizada no Colméia a Oficina: “Agressividade e Limites: Um desafio para toda equipe,  com a participação dos especialistas: Raul Araújo e Mila Motomura. Raul é psicólogo e atua na garantia de direitos de crianças e adolescentes há mais de 10 anos. Mila é psicóloga de formação e atua com facilitação gráfica há mais de seis anos. Atualmente é coordenadora de facilitação gráfica na Moom.

Qual a diferença entre crianças e adolescentes? O contexto do acolhimento interfere nesta concepção?

A Oficina teve como proposta trabalhar o tema agressividade de maneira participativa e lúdica, a partir da metodologia do teatro do oprimido.

Raul propôs ao grupo uma rodada de apresentação com nome, função no serviço onde atua, e o que mais gosta e não gosta no cotidiano dos serviços. Foi uma rodada importante para se familiarizar com o perfil do grupo e validar junto a ele as interferências destas habilidades e percepções, na relação com as crianças e adolescentes acolhidos.

Na sequência, Raul pediu ao grupo para compartilhar suas concepções e especificidades sobre criança e adolescência. No que diz respeito à concepção de criança, o grupo relatou as seguintes características: dependência (necessita de proteção), época específica do desenvolvimento, espontaneidade, inocência, curiosidade... No que tange a concepção de adolescentes, o grupo trouxe: não precisam tanto dos adultos, testam limites, são mais autônomos, são contestadores, têm dificuldades em lidar com frustração e são “sexualizados”.  Após esta primeira explanação sobre os conceitos de crianças e adolescentes, Raul indagou ao grupo: As crianças e adolescentes acolhidos são diferentes? Qual é o contexto em que estão inseridas?

O grupo trouxe importantes contribuições para as discussões, à medida que foram confrontando suas concepções sobre os conceitos de crianças e adolescentes, bem como as especificidades do desenvolvimento de cada faixa etária. Além disso, a contextualização de que estas crianças e adolescentes estão acolhidos, foi dando um contorno importante para a compreensão dos mesmos como sujeitos, com suas especificidades e histórias.

Neste sentido, Raul fez uma leitura histórica sobre a concepção de crianças e adolescentes, bem como das instituições que realizavam o papel social dos serviços de acolhimento. Além do apanhado histórico sobre as diferentes concepções de crianças, adolescentes, famílias e as instituições, foram propostas ao grupo refletir sobre: De que casa estamos falando? Quais são as características dos serviços?

Os serviços de acolhimento possuem um caráter excepcional e provisório na proteção e promoção dos direitos das crianças e adolescentes, mas não é a casa onde as crianças e adolescentes viveram e gostariam de estar com suas famílias. Esta questão é fundamental considerar, pois traz importantes impactos emocionais para as crianças e adolescentes, que muitas vezes expressam sentimentos como raiva e tristeza pela agressividade. Neste sentido, Raul contextualizou a questão das regras na rotina da casa, como um grande desafio, considerando que cada criança e adolescente vem de um contexto particular de regras. Raul reforça o fato de que mesmo as crianças e adolescentes que moravam na rua possuem suas próprias regras.

Como lidar com as diferentes concepções de regras e a construção de novas, de maneira que contribuam para um bom convívio na casa? A criação de regras e estabelecimento de limites é um tem realmente desafiador para todas as equipes. Será que existe uma fórmula passível de aplicação em todos os serviços?

Raul convida o grupo a considerar todos estes aspectos presentes nas histórias das crianças e adolescentes: rupturas, violações de direitos, indefinições, incompreensões, falta de acolhimento, tristeza, raiva, entre outras emoções e possibilitar espaços de expressão e não contenção. Se considerarmos a agressividade como algo superficial de questões mais profundas, talvez seja possível apoiar as crianças e adolescentes na elaboração de suas angústias. No entanto, se a equipe não consegue reconhecer essas questões e entender que a imposição de regras é a única possibilidade de relação, certamente não contribuirá para o desenvolvimento das crianças e adolescentes neste sentido.

As regras e limites são importantes para todas as crianças e adolescentes, e no contexto do acolhimento, a construção das regras e limites, assim como outras construções de acordos, devem ser realizadas de maneira coletiva, com a participação de todos.

Aquecimento para as cenas...

Raul propôs ao grupo que pensassem em algum caso desafiador para iniciar o aquecimento para o teatro do oprimido. Foram realizadas atividades de identificação e reprodução de gestos relativos às cenas de agressividade que foram vivenciadas por eles. Ao final do aquecimento, 8 grupos foram divididos para representarem uma cena. Após a representação, o grupo compartilhou o episódio e deu um nome para ela. As cenas intituladas foram: Raízes, Agressividade, Flexibilizar o regulamento, Infância frustrada, De quem é a culpa?; Sem saída; Qual é o meu lugar; Eu existo.

De um modo geral, as cenas e expressaram de maneira impactante experiências reais vividas pelas equipes. Foi um importante momento de revisão de possibilidades de percepção, compreensão e intervenção para as equipes.

Ao final das apresentações, Raul realizou uma plenária de fechamento sobre as experiências vividas e as possibilidades de novos olhares e atuações diante das expressões de agressividade das crianças e adolescentes acolhidos.

Durante todo o encontro, Mila produziu painéis gráficos com os conteúdos trazidos pelo grupo. O último painel continha uma frase que convida a todos os participantes a compreenderem a agressividade de maneira mais ampla: “ Do rio que tudo arrasta o chamam de violento...Mas ninguém chama de violentas as margens que o aprisionam”. (Bertold Brecht).

Para assistir aos melhores momentos da Oficina, acesse o link:

https://www.youtube.com/watch?v=OD4Z5hh4yds&list=PLnXe9VZ1ye9wbBRi1_g4aJ8saB19NEA0K

 

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OFICINA: “PIA: Atendimento individualizado e articulação com a Rede”

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OFICINA: “PIA: Atendimento individualizado e articulação com a Rede”

No dia 25 de Abril de 2015 foi realizada a oficina “PIA: Atendimento individualizado e articulação com a Rede.”, com os especialistas Aline Matos e Flávio Frasseto. Aline é Educadora e Advogada, foi coordenadora de um SAICA, é atuante na área dos Direitos Humanos da Infância e Juventude, especialmente no que diz respeito às questões raciais. Flávio Frasseto é Defensor Público do Estado de São Paulo, também atuante na área dos Direitos Humanos da Infância e Juventude. Ambos trabalharam juntos em um projeto da Defensoria Pública entre 2009 e 2010, quando estiveram próximos de 18 SAICAS e 11 Varas da Infância e Juventude, auxiliando a equipe no estudo de casos considerados, pelo SAICA, como casos que poderiam ter um retorno familiar e, por algum motivo, não tinham.

Aline apresentou um vídeo da escritora nigeriana Chimamanda Adichie, chamado “O perigo de uma história única” (https://www.youtube.com/watch?v=qDovHZVdyVQ), em que problematiza a estereotipização de determinados segmentos da população, reduzindo a possibilidade de reconhecer ali outros traços que não apenas o da pobreza ou da escassez de repertório simbólico, por exemplo. A partir da experiência com os serviços de acolhimento, o poder judiciário e o tema abordado no vídeo, Aline faz hipóteses diagnósticas a respeito do que observou sobre a realidade dos abrigos e os desafios na construção de um Plano Individual de Atendimento.

Aline traz exemplos concretos vivenciados pela equipe dos serviços, que demonstram o prejuízo que uma história única pode causar na construção de uma identidade. Ela relata o caso de uma adolescente acolhida que sempre escutou apenas uma versão sobre sua genitora: uma mãe que a teria abandonado por ser alcoolista e prostituta. Esta jovem, quando sai do abrigo, repete na própria experiência aquilo que ouviu sobre a mãe, passando a fazer um consumo abusivo do álcool e a se prostituir. Aline relata que essa história poderia ser contada a partir de um outro começo: a saída de sua mãe da própria casa em busca de proteção diante de uma situação de violência física que sofria por parte de seu companheiro. Ela aponta que talvez a adolescente pudesse dar outros destinos para sua vida, caso tivesse ouvido mais de uma versão a respeito de sua mãe e dos motivos de seu acolhimento.

Durante o projeto que executou, Aline observou que os serviços de acolhimento tinham pouco conhecimento a respeito do papel da Defensoria Pública e faltava integração entre a equipe do SAICA e seus superiores, o que gerava muita cobrança, mas pouco suporte do município para lidar com as questões apresentadas. Também percebeu que os SAICAS ficavam muito submissos à burocracia e à opinião do juiz, sentindo-se pouco legitimados a falar e tomar decisões a respeito das crianças que ali viviam, tornando-se incapazes de autorizar uma saída com a família, por exemplo, sem passar pelo juiz (referiu-se a casos em que não havia determinação expressa para que a criança não se aproximasse da família). Esse tipo de burocracia gerava uma falta de iniciativa para trabalhar na direção de uma reinserção familiar: muitos gestores relatavam sentir-se culpados por seus superiores por terem permitido a convivência da criança com uma família marcada pela história única de violência e negligência.

Acompanhar uma família e trabalhar no sentido de uma reinserção familiar significa também implicar o município nas ações de cuidado, conhecendo e solicitando benefícios para quem precisa. Aline aponta para a delicada condição dos programas de transferência de renda: para conquistar um benefício de reparo na habitação, por exemplo, a residência não pode estar em terreno irregular. Ou seja, o recurso pretende beneficiar um setor da população, mas pouco dialoga com ele.

A especialista reforça a necessidade de se escutar a história e a singularidade de cada criança/adolescente e de sua família, precisando para isso sair de um lugar de “poder” para estabelecer uma relação horizontal, que permita à equipe desprender-se de um padrão idealizado, para ouvir e acolher a singularidade dos casos.

O defensor público Flávio Frasseto inicia sua fala enfatizando que o modelo de elaboração do PIA não deve estar submetido a uma metodologia determinada pelo juiz: a multiplicidade de metodologias de elaboração do PIA enriquece o instrumento. Sugere também que a equipe dos serviços não aceite imposições de como ele deve ser feito, pois tem autoridade para pensar o seu próprio modelo, e isto é garantido pela legislação.

Ele diz que, ao construirmos o PIA, devemos nos pautar em uma noção básica de planejamento: Onde estamos (o sujeito, o contexto da família e o motivo do acolhimento), Onde queremos chegar e quais estratégias faremos para alcançar isso, tendo como ponto fundamental a implicação do sujeito e de sua família nesta construção. Quanto mais múltiplas forem as histórias a respeito daquela criança e sua família, bem como dos motivos de seu acolhimento, melhores chances teremos de construir um PIA mais adequado para aquele contexto singular. Quando isso não ocorre, ou seja, quando a equipe se inclina pouco na direção de ouvir a narrativa que aquele sujeito traz, costuma-se desenvolver um plano de ação também genérico. Segundo Flávio, quanto mais generalizado é o diagnóstico, mais a equipe lança mão de um “pacote de intervenções” que supostamente deve ser aplicado àquela realidade. Reforça que, ainda que existam situações semelhantes, a experiência de cada sujeito é sempre distinta, bem como devem ser as intervenções.

Para Frasseto, o PIA é um importante instrumento de diálogo entre o serviço de acolhimento, o Poder Judiciário, a Rede Socioassistencial e os demais parceiros. Ele faz uma recuperação histórica de alguns instrumentos e metodologias que foram inspiradoras para a criação do PIA, como por exemplo: O trabalho de coaching, aplicado ao desenvolvimento de carreiras; e as Regras das Nações Unidas para a Proteção dos Menores Privados de Liberdade,que define um plano individual de tratamento para jovens em conflito com a lei. Além das experiências internacionais, temos no Brasil as resoluções do SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo) e o Projeto Terapêutico Singular, instrumento vinculado à Secretaria de Saúde. A Lei 12.010, de 2009, oficializa o PIA como instrumento para o acolhimento institucional. O objetivo central dessas metodologias é qualificar a intervenção com pessoas que vivem em contextos de vulnerabilidade.

Flávio afirma que o PIA é um documento extenso e bastante abrangente, com diferentes focos. A equipe deve considerar que o foco principal na chegada da criança ao serviço é a reintegração familiar, prioridade garantida pelo ECA. Ainda que os motivos do acolhimento e as histórias de violência possam chocar a equipe que recebe o usuário no serviço, deve-se compreender que o foco prioritário é a reintegração familiar. Em segundo lugar, portanto, a equipe pode desenvolver ações que promovam um desenvolvimento saudável daquela criança durante o seu período de acolhimento.

O Defensor Público sugere que a atuação do serviço de acolhimento deve ter a direção de recuperar a capacidade protetiva em torno da criança/adolescente, compreendendo que o acolhimento institucional configura justamente a perda dessa capacidade. Além da família nuclear, figuras importantes da comunidade, com a qual a criança possui um vínculo, também podem estar implicadas nesta construção. Deste modo, é mais do que necessário que estes vínculos comunitários e familiares sejam mantidos durante o período do acolhimento da criança. A equipe deve se esforçar em compreender e auxiliar estas pessoas em suas dificuldades nesta tarefa.

Por fim, diante de sua experiência, Frasseto afirma que a ausência da participação do acolhido e da família na elaboração do PIA gera um fracasso em relação aos casos, na medida em que esses sujeitos não se sentem parte da construção de algo que tem a ver com sua própria vida e seu futuro. As metas presentes no PIA devem ser claras, detalhando o tratamento e as responsabilidades de cada ator na execução das ações. Só assim é possível ter clareza a respeito das eventuais falhase trabalhar no sentindo de solucioná-las.

Para assistir aos melhores momentos da Oficina, acesse ao link:

https://www.youtube.com/watch?v=djPtP0DInpI&list=PLnXe9VZ1ye9x66Pm23ED6MMyRrENu-IVB

 

 

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OFICINA : “Acolhendo as famílias: um desafio para toda a equipe"IPE”

OFICINA : “Acolhendo as famílias: um desafio para toda a equipe"IPE”

No dia 21 de março de 2015, foi realizada a oficina “Acolhendo as famílias: Um desafio para toda equipe”, com a participação da especialista Valéria Brahim: psicóloga, especialista em terapia familiar e violência contra a criança e o adolescente, gerente de programas sociais na ONG Terra dos Homens (Rio de Janeiro/RJ).

Qual é o maior desafio das equipes com relação às famílias? Qual é a missão dos serviços de acolhimento?

Valéria apontou para o fato de que o “abrigo existe para não existir”, ou seja, existe para acolher e desacolher as crianças e adolescentes que nele residem, a partir da reintegração familiar. A partir desta perspectiva, Valéria convidou ao grupo a escrever individualmente uma palavra que completasse as frases: Família é... e Famílias das crianças e adolescentes que atendemos é.... Para ambos exercícios, Valéria propôs ao grupo o agrupamento das palavras. Para a primeira questão sobre o que é a família, as categorias foram: base (estrutura), afeto (amor, carinho e etc); Para a questão sobre as famílias atendidas, as categorias foram: desestrutura (desorganizada, problemática, vulnerável...), impotente, negligenciada, desafiadora.

Valéria convida o grupo a contemplar e analisar o quadro onde as palavras estavam inseridas. O grupo trouxe a percepção de que ao falar de famílias estavam em questão os conceitos de famílias reais X imaginárias. Valéria questiona: Esta percepção afeta a relação com as famílias? As famílias atendidas, não podem ter características das famílias consideradas “ideais”, como amor, afeto, proteção, base?

Foram trazidos aspectos históricos sobre a concepção de família, na qual ainda existe um ranço do modelo burguês, composto por pai, mãe, filhos, e que ainda interferem diretamente na concepção atual de família. Valéria falou sobre a importância dos profissionais que atuam com as famílias se darem conta de seus preconceitos e da interferência que eles têm na relação com as famílias. Além disso, segundo a ONU, 1994, “Família é gente com quem se conta”. Este conceito não parte do pressuposto consanguíneo e sim de afeto, no qual a família pode ser um vizinho, ou alguém que tenha uma relação próxima com as crianças e adolescentes. Reconhecer as famílias para além dos vínculos consanguíneos, favorece substancialmente a possibilidade de fortalecimento de vínculos e reintegração familiar. Cada família apresenta dificuldades e realidades distintas, que devem ser reconhecidas tanto por elas mesmas, quanto pela equipe que as acompanha, criando-se assim um plano de acompanhamento familiar.

Será que as equipes estão dispostas a reconhecer as famílias para além do assistencialismo, da incapacidade e disfuncionalidade? É fundamental que as equipes possam empoderar as famílias a partir de suas competências e estratégias de sobrevivência já existentes. À medida que as famílias possuem o apoio da equipe para o reconhecimento destas competências passam, cada vez a mais, a necessitar menos deste amparo.

Com relação às possibilidades de estratégias de trabalho com as famílias, Valéria pontua: o desenvolvimento de vínculo com a família, relação horizontal, investir no vínculo da família com as crianças (a partir de um Plano Político Pedagógico, visitas e etc), família como participante ativa no abrigo (assembléias, contribuir para a dinâmica do local), família como co-responsável pela criança (participação em reuniões escolares, consultas médicas, atividades lúdicas e etc).

As famílias devem participar da construção dos PAFs (Plano de atendimento familiar), e a equipe deve realizar entrevistas, visitas, grupos de famílias, e encaminhamentos e acompanhamentos na Rede. Além disso, devem ser realizadas discussões de caso, capacitações e reuniões de equipe com frequência, na perspectiva de “cuidar de quem cuida”. Essa metodologia contempla três fases para a reintegração familiar: pré-integração, na qual a família e a criança são ouvidas para entender que família é essa, a integração, na qual são realizadas as estratégias junto às famílias, e pós-integração, para acompanhamento da família após a reintegração familiar.

Nas discussões dos grupos, surgiram as perguntas:

- Como fazer com que nas visitas familiares sejam contempladas as expectativas das crianças e adolescentes e das famílias?

- Até que ponto a equipe deve insistir no trabalho com as famílias?

- Como lidar com as famílias que não aderem ao plano familiar de reintegração?

- Como atuar em uma Rede despreparada, ausente de alguns órgão do SGDCA?

Valéria afirma que não há uma receita para todas as famílias, e que cada família deve ser considerada a partir de sua especificidade. Trouxe uma questão importante que diz respeito aos três tempos: do judiciário, da criança e da família, e que nem sempre responderão de maneira conjunta. Por isso, é importante que a equipe técnica possa reconhecê-los e fazer os devidos encaminhamentos para cada caso. Na relação com o judiciário, é importante que a equipe possa, a partir de dados concretos, sugerir prazos que atendam a necessidade de cada família e criança.

Neste sentido, é importante considerar a idade das crianças e adolescentes e seus interesses, bem como o desejo das famílias, que muitas vezes chegam aos serviços confusas,  sem clareza de suas potências e possibilidades.

“Até que ponto a nossa prática confirma ou desconfirma padrões repetitivos no atendimento às famílias?”. É dever das equipes se avaliar e rever suas estratégias de intervenção, sobretudo em um contexto no qual a Rede apresenta fragilidades. É de responsabilidade de todos construir indicadores que fortaleçam as políticas públicas do SGDCA. Além disso, é papel dos profissionais da Rede propor reuniões e fortalecimento da Rede, inclusive com o judiciário.

Valéria fez a indicação de algumas referências bibliográficas para o trabalho com famílias:

  • “A polícia das famílias” – Jacques Danzelot – Ed. Graal

  • “Competência das famílias” – Guy Ausloos - Climepsi Editores

  • “Busca do ponto sólido” – Guy Ausloss

Para assistir aos melhores momentos da Oficina, acesse:

https://www.youtube.com/watch?v=a164m4GGT0Q

 

OFICINA: “Arte e possibilidades de expressão no cotidiano"

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OFICINA: “Arte e possibilidades de expressão no cotidiano"

No dia 28 de fevereiro de 2015, foi realizada a oficina “Arte e possibilidades de expressão no cotidiano”, com a participação dos especialistas: José Bueno, Arquiteto e Urbanista de formação, criador do Instituto Harmonia, Educação e Sustentabilidade. Atua há 20 anos como educador e compõe a equipe de facilitadores do Arteria; e Cecília Zanotti, Diretora executiva da Artéria e facilitadora, é administradora de empresas formada pela EAESP – FGV.  Há 15 anos desenvolve experiências focadas em educação.

Segundo os especialistas, criatividade é a capacidade de imaginar e criar o que não existe. Todas as pessoas são criativas, no entanto, desde muito cedo vão tolhendo essa criatividade, criando camadas que as impedem de se expressar: por medo do ridículo ou por acreditar que atividades artísticas são somente para artistas.

O grupo iniciou com a produção de crachás criativos. Em seguida, foram realizadas atividades e dinâmicas de “aquecimento” e integração do grupo, tais como: roda rítmica de apresentação, estabelecimento de empatia e vínculo, entre outras. O grupo foi convidado a se expressar através de diferentes linguagem – de exercícios corporais, rítmicos, desenho e escrita.

Tudo aconteceu em um ambiente leve e divertido, sendo este um dos principais objetivos do dia: se divertir! De acordo com José Bueno, cientificamente, um clima alegre, leve e prazeroso produz endorfinas, que favorecem a aprendizagem. Ao contrário, um clima tenso e ameaçador produz adrenalina, que dificulta qualquer processo de interação e produção de conhecimento.

Reflexões e referências acerca da importância destes fenômenos no contexto do acolhimento foram trazidas ao longo do encontro, no qual ficaram evidenciados aspectos importantes como a disponibilidade física e emocional dos educadores para com as crianças e adolescentes para o desenvolvimento de vínculos e empatia. A replicação das atividades artísticas no cotidiano foi vista como essencial, para favorecer a expressão e empoderamento das crianças e adolescentes.

O grupo pôde compartilhar sensações, sentimentos, emoções oriundas de experiências individuais quanto coletivas, que pudessem descrever como cada participante percebia sua relação com a criatividade.

Para assistir aos melhores momentos da Oficina, acesse:

https://www.youtube.com/watch?v=GKJipNq_t4c&list=PLnXe9VZ1ye9x3yov5FfTN3igaovkYb8ym

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OFICINA: “Acolhimento De Bebês: Práticas E Reflexões"

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OFICINA: “Acolhimento De Bebês: Práticas E Reflexões"

No dia 24 de janeiro de 2015, foi realizada a oficina “Acolhimento de bebês: Práticas e Reflexões”, com a participação das especialistas Cristina Seguim, psicanalista e membro do grupo Acesso do Instituto Sedes Sapientiae, e Beia Lunardelli, instrutora de massagem infantil. Nesta ocasião, foi realizado o lançamento da publicação “O acolhimento de bebês: práticas e reflexões compartilhadas”, organizada pelo Instituto Fazendo História.

Cristina iniciou sua fala enfatizando a importância do ambiente, nos primeiros anos de vida do bebê, para o desenvolvimento saudável dos vínculos, auto-estima e autonomia. Partindo da concepção Winnicotiana, para que haja um bom desenvolvimento dos bebês, é importante que haja uma relação de proteção e segurança exercidos por um adulto. Essa relação é nomeada função materna ou maternagem, que pode ser realizada tanto por homens quanto mulheres, e possui um papel fundamental na constituição psicoafetiva do bebê.

É muito importante haver um equilíbrio no exercício desta função, de forma que a maternagem seja suficientemente boa - não ocorrendo nem de maneira demasiada e superprotetora, e nem ausente na relação com o bebê - possibilitando assim o desenvolvimento da autonomia e crescimento saudáveis.

Como desenvolver uma maternagem suficientemente boa no contexto do acolhimento?

O abrigo pode ser um lugar de ressignificação de experiências traumáticas. Na rotina das instituições, sobretudo no contexto do acolhimento, é importante que haja uma identidade com relação aos cuidados dos bebês, para que estes não fiquem a mercê da rotatividade dos educadores. Além disso, a rotina é importante para a estabilidade dos bebês, que tendem a não lidar bem com mudanças. Eleger alguns educadores que possam estar mais presentes no desenvolvimento de vínculos diminui a ansiedade dos bebês frente a constantes mudanças.

Além da constância, é importante que os cuidadores tenham identificação com estes cuidados, e que tenham disponibilidade afetiva para vincular-se. Estar atento à subjetividade dos bebês, gostos, comportamentos e choro, é importante para identificar possíveis sinais de sofrimento, que podem apresentar-se a partir da dificuldade de ingerir alimentos, de ter um bom sono, retraimento nos contatos, agitação motora, atrasos no desenvolvimento, adoecimentos constantes, alergias, entre outros.

Nos cuidados com os bebês, é importante considerar a subjetividade de cada um, e quebrar regras quando se percebe que eles ainda não estão preparados para lidar com elas. É importante considerar que regras são diferente da rotina, e os bebês precisam de rotina para se sentirem estáveis.

No contexto em as rupturas são frequentes e muitas vezes inevitáveis, é importante conversar com os bebês sobre elas, e possibilitar a realização de rituais de despedida, seja para os bebês, para as crianças e para os educadores que deixam e ficam na casa.

Como reflexões sobre o trabalho de educadores e técnicos do serviço de acolhimento com os bebês, Cristina ressaltou a importância de evitar julgamentos com relação às famílias, bem como o cuidado com os “não ditos”, e alinhamento entre a equipe.

Beia relatou que a massagem contribui para o vínculo entre pais e/ou cuidadores com o bebê, que se dá através do olhar, do toque, do cheiro, do som e etc. Relatou ainda que é importante estar atento aos sinais de engajamento que o bebê apresenta, que são positivos para a interação através da massagem, e as consequências negativas decorrentes da não percepção destes sinais para a interação.

 Beia também enfatizou a importância da continuidade dos cuidadores nos cuidados dos bebês para a organização e estabilidade emocional, além da importância de se conversar com os bebês e poder ajudá-los a nomear sentimentos.

 Após as apresentações das especialistas, os participantes reuniram-se em grupos para discutir sobre os desafios e boas práticas relacionadas aos cuidados com os bebês. As boas práticas emergidas dos grupos foram:

- Atuação multidisciplinar nos serviços (diferentes olhares)

- Criar oportunidades de brincar com as crianças na rotina

- Conversas com as crianças e famílias durante a aproximação para adoção

Para acessar o vídeo com os melhores momentos da Oficina, clique em:

https://www.youtube.com/watch?v=fa5qjVi5nck

 

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