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Muito mais do que um mero documento burocrático, o Projeto Político Pedagógico (PPP) é o norte da instituição de acolhimento. É ele que orienta a proposta de funcionamento de todo o serviço, estabelece o tratamento adequado, incluindo a rotina interna e a articulação com a rede local, as famílias e a comunidade. Mas, para ser realmente efetivo, precisa levar em conta vários critérios. Esse foi o tema de uma oficina realizada em maio de 2018, com a participação da psicóloga Cristina Rocha Dias, mestre em Psicologia Clínica pela USP e supervisora no Instituto Fazendo História, e Valéria Pássaro, coordenadora pedagógica das Casas Taiguara.  

Para funcionar bem, o PPP precisa ser elaborado a partir de uma ampla reflexão, capaz de traduzir a história, os princípios e objetivos de cada instituição em particular. Só assim poderá responder quais ações são necessárias para garantir educação, saúde, cultura, moradia, convivência familiar e comunitária aos meninos e meninas que vivem lá. O objetivo é garantir ampla proteção e autonomia a esses meninos e meninas. Há muito tempo, os locais de acolhimento deixaram de ser puramente assistenciais e o PPP deve zelar pela profissionalização e pela educação.

Nesse sentido, ele precisa também levar em conta as necessidades especiais de cada acolhido. Assim, ele está diretamente relacionado ao Plano Individual de Atendimento (PIA). Quando há um PPP estruturado, é mais fácil elaborar o PIA, já que todas as ações estão norteadas para as características de cada criança ou adolescente.

Por outro lado, o PPP só vai ganhar adesão se tiver a “cara” de todos os envolvidos. Por isso deve ser elaborado conjuntamente por toda a equipe, acolhidos e familiares, e avaliado de acordo com o dia a dia.

A experiência na Casa das Expedições

Quando os especialistas chegaram à Casa das Expedições, crianças viviam enroladas em cobertas, muitas usavam o chão como banheiro e pulavam o muro para usar drogas. Foram muitos anos de encontros semanais e muita escuta até conseguir elaborar um bom PPP. E isso só foi possível ao permitir que esses jovens se expressassem – levando em conta que eles se comunicam o tempo todo e cada comportamento merece ser ouvido – e usando sólidos referenciais teóricos. A instituição teve ações bem delineadas sobre todos os aspectos, desde como receber um novo morador até a organização de grupos de fala e saídas para expedições culturais.

Para Valéria Pássaro, o grande desafio era buscar a desinstitucionalização dos acolhidos em um espaço institucionalizado, de maneira que não se amputem os desejos e possibilidades de vida das crianças e adolescentes. 

Assista ao vídeo na íntegra:

Colaborou Gabriela Cupani