O texto a seguir é uma troca de mensagens do grupo Acolhimento em Rede , grupo de e-mails que reúne profissionais de vários estados do Brasil e das mais diversas formações e funções na rede de proteção à criança e ao adolescente.

“Quais medidas podemos desenvolver nas unidades?”. A pergunta feita por Meiry Santana foi o início de uma troca de mensagens sobre as formas de lidar com a pandemia no contexto de acolhimento. É importante levar em consideração a rotina diferente que abrigos e serviços de acolhimento estão vivendo nesses últimos dias por conta do Covid-19. 

A psicóloga Sirlene Alves juntou-se a discussão sugerindo que as visitas fossem suspensas e que fosse feito o uso constante do álcool em gel.

Já Aline Munhoz, psicóloga que atua em um dos programas do instituto Fazendo História, levou ao grupo as medidas que devem ser tomadas quanto ao funcionamento dos serviços da rede socioassistencial, segundo a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, assim como as orientações da Secretaria Municipal de Saúde em relação à prevenção ao Coronavírus. 

*“1. Orientações da Secretaria Municipal da Saúde com dicas de prevenção contra o Coronavírus que pode ser acessado pelo link:

  1. Arquivo do Centro Internacional de Longevidade – Brasil com diretrizes para instituições que atendem pessoas idosas. Segue link;

  2. Orientações da Secretaria de Transportes com dicas para limpeza de veículos.

    SERVIÇOS COM ATIVIDADES SUSPENSAS

• CRECI, Restaurante Escola, CCA, CCInter, CEDESP, Circo Escola, Circo Social, CJ e Clube da Turma terão suas atividades suspensas a partir de 23/03/2020,

devendo ser desaconselhada a ida aos serviços daqueles/as que puderem ficar em casa a partir de 17/03/2020.

SERVIÇOS COM ATIVIDADES PARCIALMENTE SUSPENSAS

• SASF, NCI e NPJ devem suspender todas as atividades coletivas e manter apenas os atendimentos individuais e as visitas domiciliares;

• CDCM, Centro Dia para Idoso, NAISPD, CRD, MSE, Núcleo de Convivência para Adultos em Situação de Rua e Serviço de Inclusão Social e Produtiva

devem manter suas atividades, ficando suspensas todas as atividades coletivas;

• Usuários/as do NAISPD com comorbidades devem ser orientados/as a permanecer em suas casas.

SERVIÇOS COM ATIVIDADES MANTIDAS

• Bagageiro, NPJ, SPVV, Serviço de Alimentação Domiciliar para Pessoa Idosa, Casa Lar, Centro de Acolhida às Pessoas em Situação de Rua, Centro de Acolhida Especial,

Centro de Acolhida com Inserção Produtiva para Adultos, Centro de Acolhida para Catadores, Centro de Acolhida para Gestantes, Mães e Bebês,

Centro de Acolhida para Mulheres em Situação de Violência, ILPI, República, Serviço de Acolhimento Familiar, SAICA, SEAS e Residência Inclusiva devem manter suas atividades;

• Fica desaconselhado o recebimento de visitas a pessoas acolhidas e vedada a entrada de fornecedores/as e trabalhadores/as voluntários/as nos serviços;

• Equipes de SEAS devem reforçar orientações referentes à higiene pessoal e encaminhamentos de pessoas idosas à rede de acolhimento;

• Em caso de suspeita ou confirmação de contaminação em serviços de alta complexidade, o/a acolhido/a deverá ser transferido/a para quarto separado.

REDE DIRETA

• CRAS: funcionamento mantido, devendo ser suspenso o encaixe de pessoas sem agendamento para atualização do CadÚnico e as atividades coletivas;

• CREAS/CENTRO POP: funcionamento mantido, ficando suspensas as atividades coletivas;

• SAS: funcionamento mantido, ficando suspensas as atividades coletivas;

• SEDE: funcionamento mantido, ficando suspensas as atividades coletivas;

• ESPASO: funcionamento mantido, ficando suspensas as atividades coletivas.” *

Meiry Santana, que deu início aos questionamentos, indagou ainda quais deveriam ser as atitudes tomadas acerca da metodologia com os trabalhadores. 

“Em Santo André estamos avaliando que considerando o grande fluxo de educadores, em alguns casos, estamos solicitando autorização da Vara da Infância e Juventude para que as crianças que já possuem autorização para férias ou final de semana possam ficar em casa com a família, já que o isolamento teoricamente seria maior do que no acolhimento, por possuir muitos educadores circulando”. Comentou Desiree Arruda, que também reforçou a importância da higiene pessoal e dos locais encerrando as visitas e todas as atividades em grupo, festas, voluntários, entre outros. 

José Carlos Sturza de Moraes contou que, nas Aldeias Infantis SOS Brasil, estão constantemente discutindo quais são as séries de medidas que devem ser tomadas quanto às crianças, adolescentes e famílias e para colaboradores/as. Ele ainda complementou que “o certo é que precisamos dar conta de conhecer e seguir as orientações técnicas da política de saúde, trabalhar com as equipes o treinamento para a higiene redobrada e restringir visitas, de acordo com cada caso”.

Tatiana Barile, coordenadora do Programa Formação do Instituto Fazendo História, escreveu a seguinte mensagem: “Para além de todas as medidas necessárias para conter a propagação do vírus, é muito importante pensarmos nos cuidados relacionados à equipe neste momento, pois  estarão em um momento de crise: com todas as crianças na casa, sem poder sair e sem poder receber visitas, além de afetado(a)s pessoalmente por toda essa situação. A manutenção dos espaços de cuidado e reflexão com a equipe são essenciais, apesar dos desafios que teremos para dar conta destes momentos na rotina com esta nova configuração.

Nós, do Instituto Fazendo História, estamos nos esforçando para construir estratégias e garantir a continuidade dos espaços formativos com as equipes que trabalhamos. Pensar na organização da rotina com atividades para as crianças e adolescentes será essencial também, além de incluí-las em conversas para garantir a escuta de suas questões, angústias e construir combinados para este momento de crise. Estamos compartilhando diariamente em nossas redes sociais materiais relacionados a estas propostas. Encaminho abaixo texto de uma psicanalista que fala sobre como falar com as crianças sobre o coronavírus:
https://lunetas.com.br/responsabilidade-coletiva-e-coronavirus/

Liliane Lopes, assistente social de uma serviço de acolhimento de São Paulo, compartilhou um arquivo com ideias de atividades que podem ser realizadas com as crianças e adolescentes neste período.

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Visitas externas

Outro assunto que foi levantado é em relação à saída das crianças e dos adolescentes, especialmente em caso de visita a familiares. Carolina, psicóloga de um abrigo em Santa Gertrudes disse que estão com um caso de um grupo de irmãos que estava realizando visitas externas aos finais de semana para os genitores, com sintomas do coronavírus. Ela disse que o abrigo não sabe como conduzir o caso e não estão tendo retorno necessário do Judiciário.

Clarissa respondeu: “Com relação a manutenção da convivência familiar, nós estamos avaliando caso a caso, e nestes casos em que já ocorre a convivência desta forma, com idas para a casa dos familiares e que viemos avaliando como benéfico, nosso movimento tem sido solicitar ao Judiciário via documento formal a permanência destes acolhidos na casa da família. A equipe seguirá acompanhando e monitorando via telefone e fornecendo algum auxílio de alimentação, por exemplo, quando necessário”.