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No dia 22 de março foi realizada a oficina “Famílias Acolhedoras no Brasil”, que contou com a participação da Dra. Jane Valente, doutora em Serviço Social, coordenadora do Plano Primeira Infância de Campinas/SP e Consultora da Rede Latinoamericana de acolhimento familiar (RELAF) e do Dr José Roberto Poiani, Juiz da Vara da Infância e Juventude de Uberlândia/MG. Este encontro faz parte do ciclo de oficinas “Primeira Infância e Acolhimento”, que serão realizadas no decorrer deste ano com apoio do Instituto Samuel Klein.

Dra. Jane iniciou sua apresentação conceituando historicamente o acolhimento no Brasil, citando principalmente as grandes instituições e as mudanças que ocorreram durante décadas, até a formação de uma cultura de acolhimento familiar. Um dado interessante apresentado foi que, no Brasil, existiram experiências isoladas e já extintas de processos de construção de um acolhimento familiar, desde a década de 40 até a década de 90, quando ganhou lugar nas políticas públicas de proteção à infância. Foi enfatizado que atualmente, não se trata de uma atitude voluntária da família e sim uma medida protetiva que passa a ser implementada como serviço de acolhimento em família acolhedora em 2005 e em 2009 entra para o ECA.

Em seguida, Dra Jane falou sobre os benefícios do acolhimento familiar, apresentando o estudo dos “órfãos da Romênia”, que compara os efeitos de diferentes formas de acolhimento no desenvolvimento das crianças. Apresentou os conceitos sobre Família Acolhedora no Brasil e também, de forma breve, as formas de implementação e parâmetros mínimos para sua manutenção. Para finalizar, Dra Jane apresentou os números de crianças acolhidas em serviços de acolhimento e em serviços de família acolhedora no Brasil, apontando que ainda existe um longo caminho pela frente para que esses números sejam equilibrados, e que não se trata de uma “competição” entre SAICAS e Famílias Acolhedoras. Enfatizou ainda que os profissionais que já atuam em Serviços de Acolhimento Institucional são extremamente indicados para o trabalho em famílias acolhedoras.

Em seguida, Dr José Poiani iniciou sua fala reforçando a importância de não fazer comparações de maneiras negativas entre acolhimento institucional e acolhimento familiar. Diz, porém, que conforme os estudos apresentados, é evidente que o ambiente familiar é mais propício para o desenvolvimento da criança e precisa ser ampliado no Brasil. O foco da fala do Dr. Poiani foi em enfatizar a importância da convivência familiar para as mais de 30 mil crianças e adolescentes que se encontram em acolhimento institucional, sendo apenas 4,7% destas em família acolhedora. A partir de sua experiência em Uberlândia, sugeriu que se priorize a primeira infância para o início de serviços em família acolhedora nos locais que ainda não possuem essa modalidade. Apresentou o conceito da prioridade absoluta ao direito de convivência familiar, amparados pelas leis. Passou então a apresentar os dados de Uberlândia e todo o trabalho que foi feito para priorizar na cidade a modalidade de acolhimento familiar. Uberlândia conta hoje com 75 crianças e adolescentes acolhidos, sendo 50 em famílias acolhedoras, incluindo adolescentes. Por último apresentou as conquistas e os desafios do serviço de acolhimento familiar em Uberlândia, mostrando a partir do exemplo de sucesso na cidade que a implementação do serviço é possível e necessária.

 Assista a oficina na íntegra no canal do YouTube do Instituto Fazendo História:

www.youtube.com/watch?v=JBYG7KdsbLU

 A próxima oficina do ciclo “Primeira Infância e Acolhimento” acontecerá no dia 26 de abril, das 17 às 19h, ao vivo no Youtube do Instituto Fazendo História. Não perca!