No mês de fevereiro de 2023 o Instituto Fazendo História, em parceria com o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONDECA) – SP, iniciou o ciclo de oficinas na cidade de Guarulhos e Campinas.  Serão realizados 20 oficinas durante o ano de 2023, sendo 10 em Guarulhos, e 10 replicados no município de Campinas, direcionados aos profissionais que atuam nos Serviços de Acolhimento Institucional, Familiar, Rede Sócio Assistencial e do Sistema de Garantia de Direitos. O primeiro tema abordado foi “O papel do(a) educador(a) no Serviço de Acolhimento”. Tivemos como convidado o profissional Paulo Silva, educador social da Política do Sistema Único de Assistência Social - SUAS desde 2004 através de diversas organizações da Sociedade Civil das cidades de São José dos Campos e atualmente em Campinas – SP. Formado no Campo da Pedagogia, Especialista em Arte Educação pelo Instituto Brasileiro de Formação para Educadores. Coordenador Cultural do Projeto Poética Musical. Co-fundador do GEPPES - Grupo de Estudos e Práticas Permanentes em Educação Social.

Materiais produzidos pelo GEPPES

Tivemos também a presença da profissional Valéria Pássaro, pedagoga, com especialização e larga experiência na área de educação e acolhimento. Foi coordenadora da Casa das Expedições, serviço de acolhimento em São Paulo, construindo junto à equipe um projeto político pedagógico criativo e transformador, apoiado em propostas de educação libertária. É atualmente diretora executiva da Moradia Associação Civil.

Paulo iniciou os trabalhos do dia, utilizando como método de sensibilização imagens geradoras que foram expostas no ambiente durante a chegada dos participantes e fez uso de sua trajetória profissional para discutir a temática proposta.

 A partir da pluralidade de profissionais presentes no encontro, Paulo destacou a importância da multidisciplinaridade e interdisciplinaridade nos processos de trabalho, bem como, reconheceu o avanço das Políticas Públicas voltadas para crianças e adolescentes e suas famílias. Paulo é o primeiro educador a ocupar um cargo de Coordenação, em um serviço no Sistema Único de Assistência Social - SUAS em seu município, e   aponta a importância deste lugar,  a partir de sua compreensão de que o trabalho se faz junto e não sozinho. Em sua explanação teve como principal objetivo provocar a reflexão sobre a identidade educadora, na perspectiva de que o SUAS tenha processo de educação permanente voltado para reflexão deste trabalho e que seja parte de uma cultura na Política de Assistência Social.

O profissional faz menção a Paulo Freire, indicando que todos os profissionais do Serviço de Acolhimento são educadores e que a discussão deste tema é importante para que ocorram avanços no atendimento de crianças, adolescentes e seus familiares, uma vez que os educadores(as) estão em relação cotidiana com eles, e conseguem realizar avaliação de fatores de proteção e fatores de risco.

Fala da importância dos detalhes que estão presentes na relação entre crianças e adolescentes e profissionais, que é a partir do reconhecimento das necessidades destes sujeitos que vamos avançar. Finaliza sua fala, destacando que a forma como este profissional se relaciona com o lugar de educador(a) vai implicar em seu trabalho. 

Valéria dá início a sua fala reconhecendo os avanços da Política de Assistência Social e apontando o desafio do trabalho se modificar a fim de ter qualidade no fazer. 

A profissional também se volta para sua trajetória como educadora, para falar sobre o papel do educador. Indica que todos somos educadores na relação com outro humano, no qual todos estão em desenvolvimento e somos afetados na relação e que nesse sentido é necessário se questionar: O que somos? Por que estamos no serviço? O que queremos com isso? E para onde vamos?

Fala que a educação social “é poder ajudar a promover a educação e o desenvolvimento do outro e o nosso”, reforçando que somos afetados e provocados a pensar o nosso estar no mundo e de que modo podemos tocar o outro. Valéria aborda a importância de ter disponibilidade afetiva e intencional, no qual os profissionais devem saber onde querem chegar, para que não caiam no vazio, e que para isso é necessário tomada de consciência. Fala sobre a importância da construção coletiva de um Projeto Político Pedagógico – PPP para o Serviço, destacando que o trabalho não deve ser mecânico, que com os avanços a Política de Assistência Social, o trabalho foi se burocratizando o que implica no trabalho com relações Humanas. Destaca que não será na manutenção das coisas que vamos avançar.

Outro aspecto importante apresentado por Valéria foi sobre a necessidade de que o ambiente seja educador - no clima e na proposta humana que se coloca no ambiente - e que deve ser algo constante. Aponta que os profissionais devem ajudar as crianças e adolescentes a sonharem seus futuros. Para Valéria. “é preciso imaginar para encontrar realidades” - a realidade não está dada, portanto devemos inventá-la diariamente.

A profissional finalizou sua explanação indicando que o serviço de acolhimento deve ser compreendido como uma parte da sociedade, e trás para dentro tudo que está presente no campo social, deste modo tudo fica contido no cotidiano do acolhimento. Indica que faz parte do papel do educador olhar para fora e ver o que está sendo produzido a respeito destas questões para que possamos nos preparar para o trabalho.

Assista a oficina na íntegra: https://youtu.be/0Gd5eNmdRUk