No dia 27 de agosto de 2025, o Instituto Fazendo História realizou a quinta oficina presencial do Projeto Formação em Redes, com o apoio do FUMCAD (Fundo Municipal da Criança e do Adolescente), no Instituto Pólis. O encontro teve como tema “Cartografia dos afetos: o pertencimento de crianças e adolescentes ao território” e foi direcionado aos profissionais que atuam nos Serviços de Acolhimento, Rede Socioassistencial e Sistema de Garantia de Direitos da cidade de São Paulo.

A oficina contou com a participação de Sidnei das Neves, Psicólogo, Terapeuta Comunitário e Gerente do SPVV Claret II Brasilândia/Freguesia do Ó. Atua na área social dentro do Sistema de Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes, propondo discussões sobre as múltiplas violências que esse público e seus familiares/responsáveis vivenciam, testemunham ou presenciam em territórios de extrema vulnerabilidade. Atua também no território de Vila Brasilândia, como articulador e produtor cultural, sendo um dos fundadores do Sarau da Brasa, coletivo que existe há 17 anos no bairro, contribuindo para que as expressões culturais e artísticas dos moradores do território tenham espaço, visibilidade e oportunidade de desenvolvimento.

O profissional iniciou o encontro com a provocação: “Qual é o meu lugar?” Em seguida, propôs uma atividade em que os participantes precisavam escolher o ponto mais desconfortável do ambiente para sentar. Prosseguindo, perguntou aos presentes: “O que é afeto?” As respostas incluíram: amor, cuidado, vínculo, raiva, violência, elementos que nos afetam e nos atravessam.

Em continuidade, Sidnei pontuou a correlação entre o lugar onde crescemos e o afeto: ao pensarmos naquilo que amamos, os lugares costumam estar presentes na memória. Mencionou também o símbolo Sankofa, que significa olhar para trás para seguir adiante, enfatizando que muitas das crianças e adolescentes atendidos desconhecem sua origem.

A partir dessas reflexões, Sidnei ressaltou que o território faz parte da construção de identidade e da nossa constituição enquanto sujeitos. O lugar ao qual pertencemos pode gerar sentimentos de insegurança, inferioridade, medo, vulnerabilidade e vergonha, consequência do racismo e da violência estrutural que permeiam esses espaços.

Por fim, o profissional reforçou a importância da construção de estratégias que promovam a vinculação de crianças e adolescentes ao território em que estão inseridos, a partir das potencialidades e das produções artísticas e culturais locais. Alertou para o risco de reduzir o território às narrativas impostas a ele e salientou que, para a construção de mapas de afetos, é necessário acolher as angústias e as lembranças dolorosas das crianças, adolescentes e famílias atendidas.

Confira o vídeo com a oficina completa: