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Adoção: estratégias e cuidados na transição do acolhimento para a família adotiva.

Adoção: estratégias e cuidados na transição do acolhimento para a família adotiva.

A transição do acolhimento (institucional e familiar) para a família adotiva é um período delicado e complexo, que requer dos técnicos do acolhimento e da Vara da Infância e Juventude, um olhar atento para as manifestações da criança e dos pretendentes à sua adoção. Afinal, é preciso mediar um encontro muito esperado para a família e inédito para a criança, um encontro permeado de fortes emoções.

OFICINA: "Crianças e adolescentes com deficiência: especificidades no acolhimento"

OFICINA: "Crianças e adolescentes com deficiência: especificidades no acolhimento"

No dia 23 de agosto de 2018 o Instituto Fazendo História promoveu a oficina “Crianças e adolescentes com deficiência: especificidades no acolhimento”,  que contou com a participação da especialista Solange Aparecida Emílio, psicóloga, professora universitária e pesquisadora do campo das deficiências e dos processos de inclusão e Ricardo Estevam, psicólogo, coordenador do CREAS Ermelino Matarazzo…

Trabalho voluntário em serviços de acolhimento: mais ajuda quem transforma

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Trabalho voluntário em serviços de acolhimento: mais ajuda quem transforma

O serviço de acolhimento deve ser um espaço no qual as crianças e os adolescentes se sintam protegidos, cuidados, acolhidos e criem vínculos de confiança que favoreçam o seu desenvolvimento integral e a construção de autonomia nesse período de transição. Estabilidade e tempo de convivência são indispensáveis para que se criem os tão necessários vínculos afetivos.

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Pessoas da comunidade devem ser envolvidas nos cuidados das crianças e adolescentes a partir da parceria com a equipe do serviço de acolhimento em benefício da criança ou do adolescente: em favor de seu crescimento pessoal e do fortalecimento de sua identidade.

Veja abaixo alguns pontos importantes que devem ser considerados para a atividade voluntária qualificada dentro dos serviços de acolhimento:

             - Conhecer a realidade: antes de começar o trabalho, o voluntário precisa conhecer a complexidade e delicadeza do serviço de acolhimento, entender sua função, como funciona e estar ciente de qual será sua contribuição neste cenário.

             - Adoção: o envolvimento a partir de um trabalho voluntário em um serviço de acolhimento não facilita processos de adoção. Se esse for seu interesse, vá até a Vara da Infância e Juventude mais próxima a sua casa e informe-se sobre o processo para entrar no Cadastro Nacional de Adoção.

             - Comprometimento: o voluntário tem um compromisso com o serviço e com as crianças e adolescentes; não pode jamais sumir ou abandonar o trabalho no meio sem considerar os vínculos estabelecidos. O voluntário só deve se comprometer com aquilo que é capaz de cumprir.

             - Formação e supervisão: é preciso ter clareza de que para realizar um trabalho voluntário é necessário planejar considerando e contemplando tudo o que a entrada no serviço pode reverberar. Profissionais da área devem apoiar a ação do início ao fim.

             - Consciência de seu papel: deve-se levar em consideração que o serviço de acolhimento é a casa das crianças e adolescentes e o voluntário é como uma visita. Portanto, não se deve aparecer em qualquer momento do dia sem prévio combinado, nem entrar nos quartos ou cozinha sem um convite.

             - Horários: o voluntário deve cumprir o horário estabelecido, pois assim como em qualquer casa, há uma organização a ser seguida. Mudar de horário sem avisar atrapalha a rotina.

             - O que gera transformação: Para que o trabalho renda efeitos positivos, este deve ser constante e não pontual; o tempo do trabalho é essencial para criar um vínculo estável e de confiança com as crianças e adolescentes.

             - Cuidado com o que fala: o voluntário deve evitar o levantamento de falsas expectativas com as crianças e adolescentes. Ao optar por uma aproximação afetiva com eles, deve agir à altura de seu papel e importância em suas vidas, não repetindo histórias de rupturas.

              - Ações pontuais em datas comemorativas: nessas datas, é comum chegar ao serviço uma quantidade excessiva de presentes e chocolates, muitas vezes produzindo um desafio para o serviço, que precisa realizar um processo de distribuição de tudo, cuidando para que as crianças e adolescentes se sintam protagonistas e não rotulados no lugar de carentes; para que entendam que também têm coisas a oferecer e não apenas receber. É importante que a condição do acolhimento não faça com que as crianças e adolescentes fiquem somente no papel daquele que necessita, a quem tudo falta. Eles podem e devem ser convocadas a oferecer ao mundo aquilo que têm como potência.

              - Doação de coisas usadas: itens que não são mais úteis para você podem ser muito bem aproveitados pelos serviços, se em bom estado. Brinquedos quebrados, roupas rasgadas e livros mofados não são apropriados para ninguém. Coisas assim acabam dando um ar de descuido para o lugar ou criam mais trabalho para o serviço, que precisa encontrar meios de se desfazer destes adequadamente.

              - Festa com voluntários pontuais: se na nossa casa, mesmo para quem é festeiro, a entrada de pessoas estranhas sempre traz um incômodo, por que ali seria diferente? Você já foi numa festa que não conhecia ninguém? Pode até sorrir mas, convenhamos, é difícil curtir de verdade. Agora pense em um monte de festas. É claro que as crianças e adolescentes gostam de se divertir mas, vejamos, o que eles precisam não é de palhaços e pirulitos junto a desconhecidos. Uma criança que vive na rua gosta de receber o trocado do farol mas sabemos que isso mantém a ordem equivocada e não promove as mudanças necessárias. Nos serviços de acolhimento é a mesma coisa: a criança ou adolescente pode até gostar de ganhar presentes de estranhos e de festas cheias de atrativos, mas isso a mantém no papel de carente. É preciso assumi-los como potentes e oferecer oportunidades para que brilhem.

                Aos interessados em se envolver com as crianças e adolescentes acolhidos, sugerimos que participem de um de nossos projetos como voluntário. Caso não possa assumir um compromisso de longo prazo, procure organizações que oferecem oportunidades de trabalho voluntário qualificado.

 

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OFICINA: "Todo(a) cuidador(a) deve receber apoio, atenção, formação e ajuda em sua tarefa do bem cuidar"

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OFICINA: "Todo(a) cuidador(a) deve receber apoio, atenção, formação e ajuda em sua tarefa do bem cuidar"

Nos dia 9, 10 e 11 de Novembro, foi realizado o III Seminário Internacional de Qualidade nos serviços de acolhimento de crianças e adolescentes na Universidade Anhembi Morumbi, sob a organização do NECA, no qual foi realizada uma Oficina intitulada: “Todo cuidador deve receber apoio, atenção, formação e ajuda em sua tarefa do bem cuidar” pelo Instituto Fazendo História. A equipe de formação do Instituto, composta pela coordenadora e técnica do Programa, Tatiana Barile e Fernanda Cocitta foi quem realizou a Oficina.

Tatiana Barile iniciou a Oficina, convidando os participantes a realizarem uma dinâmica de apresentação para mapeamento do grupo. Na ocasião havia 40 participantes, tanto homens quanto mulheres, de cargos bem variados (educadores, técnicos, gestores e presidentes de instituições mantenedoras e SAICAS), com formações variáveis nas áreas humanas e sociais (prevalência por assistentes sociais, psicólogos e pedagogos). Foram identificados participantes oriundos de diversas regiões do país, compondo 9 Estados e mais de 20 Municípios, além de estrangeiros.

Após o primeiro momento de identificação e integração, o grupo participou de uma atividade de design thinking, na qual cada um contribuía com uma palavra que representasse as seguintes questões norteadoras:

– O que é cuidado?

– O que é cuidado com as crianças e adolescentes?

– O que é cuidado com os educadores?

A partir destas questões e das contribuições do grupo, formou-se um grande painel no qual as palavras foram agrupadas, formando um grande diagnóstico sobre o tema cuidado. No que diz respeito ao cuidado, ficou claro que cuidado passa pelo afeto, amor, carinho, estar atento ao outro, respeitar o outro, oferecer suporte, empatia, proteção, singularidade, liberdade, honestidade, encontro e limites. Dentre estas palavras as que tiveram grande destaque foram o amor e atenção, que apareceram muitas vezes.

No que diz respeito aos cuidados com crianças e adolescentes, o grupo trouxe: segurança, compromisso, confiança, direcionamento, compreensão, acolhimento, garantia de direitos, disponibilidade, individualidade, atenção, olhar, colo, desafio, amor, respeito, acolher sem estigmatizar, proteção e referência. Nesta categoria, aspalavras que apareceram com maior frequência foram: proteção, escuta e respeito.

Na categoria de cuidados com educadores, o grupo entende que sentem-se cuidados quando: são escutados, tem o suporte técnico para o acolhimento adequado,  acolhidos e amparados pela equipe técnica e coordenação em seus desafios (suporte), informação e conhecimento, quando são respeitados, possuem apoio, direcionamento, amor, olhar, segurança, formação continuada, capacitação e escuta sendo estas, as palavras que apresentaram grande representatividade nesta categoria.

Após a realização desta atividade inicial, o grupo foi convidado a seguir na Oficina através de 4 grupos que pudessem discutir 4 temas, a partir de aspectos positivos negativos e possíveis estratégias, através da metodologia de world café, na qual todos os participantes teriam a possibilidade de contribuir com todos os temas. Os quatro temas discutido foram:

– Seleção de educadores;

– Organização da rotina;

– Histórias pessoais;

– Reuniões de equipe, formação e supervisão;

SELEÇÃO DE EDUCADORES

No que diz respeito à seleção de educadores, os aspectos negativos foram:

– Falta de profissionais qualificados;

– Falta de critérios na seleção (muitas indicações sem perfil);

– Baixos salários;

– Ausência de plano de carreira;

– Alta rotatividade;

Os aspectos positivos foram:

– Divulgação em sites e redes sociais;

– Parcerias com universidades;

– Recursos metodológicos específicos;

– Perfis bem definidos;

– Capacitação e valorização profissional;

Com relação às estratégias sugeridas sobre a seleção de educadores, o grupo trouxe:

– Informações claras sobre as atribuições do cargo desde o início do processo seletivo;

– Desenvolver um passo a passo para inserção do educador no cotidiano;

– Realizar processos formativos dos profissionais;

– Melhorar condições de trabalho (salário, carga horária);

ORGANIZAÇÃO DA ROTINA

No que diz respeito à organização da rotina, os aspectos negativos foram:

– Diferenças de perfis e concepções de trabalho;

– Rotatividade da equipe;

– Dúvidas sobre com fazer;

– Rotina estabelecida sem considerar as singularidades das crianças;

– Prática mecanicista sem reflexão;

– Divergências entre os PIAs e a rotina;

No que diz respeito à organização da rotina, os aspectos positivos foram:

– Alinhamento na equipe;

– Participação dos acolhidos na construção da rotina;

– Momentos de escuta/supervisão;

– Construção da autonomia/co-responsabilidade;

– Estabelecimento de rotinas internas e externas ao serviço;

Com relação às estratégias sugeridas sobre a organização da rotina, o grupo trouxe:

– Estabelecê-la de acordo com as necessidades dos acolhidos;

– Identificação de recursos para a execução da mesma;

– Estabelecimento de comunicação entre todos os educadores e parceiros envolvidos;

– Ordenar prioridades;

– Contemplar atividades pedagógicas na rotina;

HISTÓRIAS PESSOAIS

No que diz respeito às histórias pessoais, os aspectos negativos foram:

– Falta de sensibilidade e exposição das crianças;

– Superproteção/ Identificação dos educadores com as crianças;

– Revitimização;

– Fragilização do educador;

– Falta de suporte técnico e de auto-conhecimento;

No que diz respeito às histórias pessoais, os aspectos positivos foram:

– O conhecimento da história possibilita melhor acolhimento da criança e adolescente;

– Empatia/ motivação;

– Relação de confiança e aproximação entre crianças e educadores;

– Identificação com o trabalho/sensibilização sobre o papel do educador;

– Novas possibilidades de atuação com as crianças e adolescentes;

Com relação às estratégias sugeridas sobre as histórias pessoais, o grupo trouxe:

– Realizar capacitação e supervisão continuada com toda equipe;

– Aprimorar a seleção de profissionais para atuação neste contexto;

– Ampliar repertório e qualidade de vida das crianças acolhidas;

– Aumentar a remuneração dos profissionais para melhorar a qualidade do trabalho com as histórias de vida;

REUNIÕES DE EQUIPE, FORMAÇÃO E SUPERVISÃO

No que diz respeito às reuniões de equipe, formação e supervisão, os aspectos negativos foram:

– Dificuldade para reunir toda equipe (carga horária);

– Encontros muito hierarquizados;

– Distanciamento de diferentes saberes;

– Descontinuidade de acordos e combinados;

No que diz respeito às reuniões de equipe, formação e supervisão, os aspectos positivos foram:

– Reuniões sistemáticas para discussões de caso;

– Formação continuada: mais conhecimento, motivação, diálogo e interação na equipe;

– Supervisão interna (equipe técnica) e externa (profissional especializado);

Com relação às estratégias sugeridas sobre as reuniões de equipe, formação e supervisão, o grupo trouxe:

– Concurso público;

– Formação horizontal;

– Banco de horas para facilitar a participação de todos;

– Capacitação para todos;

– Valorização de saberes da equipe (escuta e fala);

Ao final das apresentações dos quatro grupos, o grupo ressaltou a importância do cuidado com o cuidador como maneira de potencializar a qualidade no atendimento de crianças e adolescentes acolhidos, desde a seleção adequada de profissionais ao constante apoio e aprimoramento profissional de toda equipe. Ficou claro que existem profissionais com muita clareza e comprometimento com seus papéis profissionais, porém, em decorrência de condições precárias de trabalho, como os salários dos profissionais, e o baixo investimento em formação, capacitação e supervisão, o trabalho acaba por ficar fragilizado.

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