No dia 16 de abril de 2025, o Instituto Fazendo História realizou a primeira oficina presencial do Projeto Formação em Rede, com o apoio do FUMCAD (Fundo Municipal da Criança e do Adolescente), no Instituto Pólis. Com o tema "O impacto do racismo no desenvolvimento infantil", o encontro foi direcionado aos profissionais que atuam nos Serviços de Acolhimento, bem como a outros profissionais da Rede Socioassistencial e do Sistema de Garantia de Direitos da Cidade de São Paulo. A oficina contou com a participação de Carla Ferreira França Rosa, psicóloga com 14 anos de experiência clínica e social, especialista em saúde da família e relações étnico-raciais. É cofundadora da Odo Consultoria Viva, que atua em processos socioeducacionais.
A convidada abordou aspectos com relação ao olhar para crianças e adolescentes negros e suas famílias, além de estratégias para a construção de um acolhimento afetivo e reparador. Abordou questões como leis e projetos que tentaram apagar a memória e a existência das pessoas negras, criando estereótipos que determinam as desigualdades das populações negras e indígenas, caracterizando o racismo como sistema estrutural. Fez uma provocação importante em relação aos cuidados oferecidos: crianças brancas são mais bem cuidadas que crianças negras nos serviços de acolhimento, muitas vezes sem que os profissionais percebam essa diferenciação, consequência do racismo estrutural. Complementou sua fala com dados relevantes sobre as consequências de ambientes discriminatórios à saúde das crianças negras, como ansiedade, depressão e micro agressões, que frequentemente se manifestam de forma não verbal, nas sutilezas, causando dúvidas e paralisando a vítima.
A convidada ressaltou a necessidade e importância de que crianças e adolescentes tenham ambientes que lhes permitam decidir sobre si mesmas, especialmente no que diz respeito ao próprio corpo (como corte de cabelo, vestimentas e acessórios). Carla trouxe a importância de desenvolver, nos serviços, atividades que contemplem as vivências de crianças e adolescentes e, sobretudo, que contem com a adesão e integração da maioria da equipe, para que compreendam, por exemplo, os aspectos abordados em uma exposição escolhida enquanto proposta.
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