No dia 24 de janeiro de 2024, o Instituto Fazendo História realizou a quarta oficina presencial do Projeto Capacitação em Serviços de Acolhimento, com o apoio do FUMCAD (Fundo Municipal da Criança e do Adolescente), no Instituto Pólis. Com o tema "O trabalho em rede: construindo estratégias a partir do território", o encontro foi direcionado aos profissionais que atuam nos Serviços de Acolhimento e também a outros atores da Rede Socioassistencial e do Sistema de Garantia de Direitos da Cidade de São Paulo. 

A oficina contou com a participação de Rafael Sá Martins, educador social, graduado em história, especialista em Juventude no Mundo Contemporâneo. E Thamara Sauini, cientista ambiental, mestre e doutora em biologia química. 

Thamara apresenta uma definição de território, enquanto espaço formado por meio de ações realizadas por determinados atores que levam à sua apropriação, e convida o grupo a refletir sobre as formas nas quais estão inseridos nos territórios que moram e trabalham. Ao usar exemplos de marcos em São Paulo, contextualizando como eram antigamente e o que se tornaram a partir de pressões urbanas, ela indica como o território está estritamente vinculado com as noções de enraizamento, identidade, lugar de vida e relações cotidianas. 

Ao apresentar a ideia de cidade como um sistema vivo que absorve experiências, Thamara traz o que seria uma educação socioambiental, despertando os participantes para uma nova forma de pensar e olhar para o território. Ela aponta como isso envolve um diagnóstico de que território é esse, de suas dinâmicas e interações, compreendendo o espaço enquanto um sistema integrado com a natureza, onde se compartilha recursos com ela, e não acima dela. Cita, também, a noção de trilhas urbanas, como espaços pedagógicos que possibilitam uma “quebra” nas rotinas escolares, partindo do reconhecimento de diferentes elementos, serviços ambientais e usos que podemos fazer dos espaços e áreas verdes no entorno. 

Ainda se utilizando de imagens com diferentes paisagens, a convidada segue instigando os participantes a identificarem os elementos presentes para além do que se enxerga, a refletirem sobre a ação do homem em relação à natureza e os diversos usos e relações possíveis com os territórios a partir de diferentes culturas e tempos históricos. Por fim, ela propõe uma atividade prática, de produção de desenhos sobre o lugar onde trabalham e dos elementos que lembram dessa região, incluindo aquilo que enxergam e não enxergam, o que sentem, o que conhecem e não conhecem, sua vegetação, fauna, flora e aspectos sociais e econômicos. Essa atividade proporcionou uma troca muito rica no grupo e novas possibilidades de olhar para esses territórios e de fazer articulações com seus recursos.

Em um segundo momento, Rafael assume a fala, questionando ao grupo quais são os diferentes serviços presentes na oficina e em que regiões se encontram. Ele indica como pensar o trabalho em rede a partir da perspectiva do território faz com que a abordagem se torne diferente da usual, na qual prevalece a ideia de que a rede não funciona. Assim, partindo de suas experiências, o convidado traz reflexões sobre diferentes tipos de redes existentes, puxadas por serviços diversos, formais e informais, e com recortes temáticos. E, se aproximando do foco do público do encontro, apresenta um conceito de rede como um conjunto de ações, programas, serviços, projetos públicos e privados que atuam de forma integrada, garantindo os direitos das crianças e dos adolescentes.

Em seguida, Rafael convida o grupo a ampliar a definição de território como espaço físico e social onde crianças e adolescentes vivem e interagem, trazendo algumas provocações: como que o território influencia no processo de desenvolvimento dessas crianças e adolescentes?

Como possibilitamos às crianças e adolescentes estarem em seus territórios, potencializando quem são e podem ser?

Ele convoca a pensar sobre elementos, ausências e presenças, espaços e políticas públicas, a partir da perspectiva das crianças e do adolescentes que têm um papel significativo em seu cotidiano.

O encontro finaliza com uma breve exposição de ferramentas que podem fortalecer o reconhecimento e apropriação dos profissionais em relação ao território em que estão inseridos, visando potencializar o trabalho com as crianças, adolescentes e suas famílias.

Confira o vídeo com a oficina completa: clique aqui.

Rafael Sá Martins é educador social, graduado em história, especialista em Juventude no Mundo Contemporâneo e Gestão e Planejamento de Processos Pastorais e Pedagógicos, e assessor da Tocando em Frente Assessorias, acompanhando o trabalho de organizações sociais que atuam com crianças e adolescentes na cidade de São Paulo.

Thamara Sauini é cientista ambiental, mestre e doutora em biologia química pela UNIFESP, técnica em turismo, e desde 2018, atua como educadora no Instituto Trilhas pesquisando áreas verdes, monitorando trilhas interpretativas e elaborando materiais educativos.