No dia 26 de julho o Instituto Fazendo História realizou a oficina “O trabalho com famílias de origem”, que contou com a participação de Valéria Brahim, psicóloga e terapeuta de família com base na Teoria Sistêmica, especializada em Violência doméstica contra Criança e Adolescentes (USP), e também com Sara Luvisotto, assistente social e coordenadora do Serviço de Acolhimento Familiar do IFH.

Valéria iniciou sua apresentação com um vídeo que apresentou uma situação em que ficava evidente a questão do “não julgar sem entender o contexto e a história como um todo”.  Através do vídeo, Valéria abriu o diálogo com os participantes para se pensar nas questões a respeito do trabalho com as famílias de origem e a necessidade de se compreender a história de vida como um todo, levando em consideração que quando uma criança chega ao serviço de acolhimento ela já está inserida em todo um contexto anterior a sua chegada. Após essa reflexão inicial, Valéria propôs uma atividade em que pediu para que os participantes completassem a frase “Família é...” com a primeira palavra que viesse à cabeça. As frases apresentadas foram: aconchego, amor, base, proteção, vínculo, cuidado, dentre outras.

Em seguida Valéria então refez a pergunta da seguinte maneira: “Família que atendemos é...” e as respostas foram: complexa, abandonada, vulnerável, desprotegida, dentre outras. Valéria então fez uma comparação e reflexão a respeito dessas duas provocações, contrastando e refletindo sobre “o que é família, e o que é essa família que atendemos?”. Dentro de sua apresentação passou pelo cenário de atuação, trazendo uma contextualização histórica do acolhimento no Brasil, para desenvolver a reflexão sobre família e as famílias de origens que estão inseridas na realidade do acolhimento. Trouxe assim, a necessidade de desfazer essa imagem de uma “família ideal” e pensar nas oportunidades e reais necessidades de cada família de origem trabalhada.

Em seguida foi a vez de Sara iniciar sua fala complementando que nos serviços existem famílias muito diversas e o fator mais importante para os profissionais é saber se a família consegue proteger a sua criança, ainda que saibamos que o que leva ao  acolhimento (na maioria das vezes) é por alguma questão em que a criança teve algum direito violado, porém não necessariamente incapacita ou desabona as famílias. Sara pontuou que muitas vezes as famílias são culpabilizadas antes mesmo de se levantar as reais histórias e necessidades de cada caso, muitas vezes até mesmo pelas próprias equipes técnicas dos serviços de proteção, configurando assim um ciclo de desamparo que não possibilita mudanças significativas e potentes. Uma fala importante de Sara é que “O primeiro passo no trabalho com as famílias de origem é o vínculo, e o vínculo só é feito estando junto”. Sara então apresentou algumas estratégias de ação e também relatos de experiências e casos, propondo uma reflexão sobre a importância do trabalho para quebrar os ciclos de repetição pautados nessa vulnerabilidade extrema. Sara apresentou alguns instrumentais utilizados por ela, explicando e sugerindo algumas formas de trabalhar, deixando claro que cada serviço pode e deve alterar estes instrumentais de forma a utilizá-los da melhor maneira possível para cada serviço.

É importante destacar a fala de Sara que pondera que as demandas e objetivos devem partir da família, pois muitas vezes os técnicos acabam se colocando na frente da fala da família. Sara finalizou sua apresentação dizendo que todo início de qualquer relação é difícil e que é necessário que as pessoas que atuam nos serviços de acolhimento acreditem nos potenciais e invistam nessas famílias com o intuito de modificar essas histórias de vida.

Segue a palestra na íntegra: