FMH dá palestras na Escola Paulista de Magistratura sobre trabalho com histórias de vida

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FMH dá palestras na Escola Paulista de Magistratura sobre trabalho com histórias de vida

A equipe do Fazendo Minha História realizou 3 palestras direcionadas a técnicos do judiciário e profissionais da rede de acolhimento do Estado de São Paulo. A formação teve como tema a metodologia do programa, que trabalha com o resgate e registro das histórias de vida das crianças e adolescentes em situação de acolhimento.

Assistiram à palestra, presencialmente ou via transmissão online, por volta de 600 técnicos de Varas da Infância e Juventude e de serviços de acolhimento. Além de apresentar os princípios, objetivos e metodologia do Fazendo Minha História, as palestras permitiram aos participantes pensar em maneiras de implementar ações de trabalho com histórias de vida de forma autônoma, em seus municípios.

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A coordenadora do programa, Débora Vigevani, enfatizou as ações que promovem o resgate das histórias de vida das crianças e adolescentes e a preservação de seus vínculos familiares e comunitários. “As crianças que chegam para viver em um serviço de acolhimento por um período precisam ser acolhidas e respeitadas em suas historias. Para isso, devem contar com uma escuta atenta e afetiva de suas angústias e dúvidas, para melhor elaborarem o que se passa com ela e sua família. As crianças têm voz e essa voz deve ser considerada”, pontuou.

Informações e foto: Escola Paulista de Magistratura

 

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Instituto Fazendo História celebra os 26 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

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Instituto Fazendo História celebra os 26 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

13 de julho é aniversário de 26 anos da promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e nós do Instituto Fazendo História celebramos com entusiasmo essa lei de fundamental importância às crianças e aos jovens deste país.

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O Instituto Fazendo História, que nasceu com o propósito de oferecer aos meninos e meninas que precisaram ser separados de suas famílias um momento de reparação afetiva, entende que cada criança e cada adolescente têm o direito de ser protagonista de sua própria história e, para isso, o ECA dá o respaldo necessário no trabalho diário de oferecer uma outra realidade a essas pessoas.

Apesar das deficiências que ainda existem na aplicação e na fiscalização das leis, entendemos que houve um avanço considerável nas políticas públicas que foram capazes de fazer das crianças e adolescentes sujeitos de direito, inclusive aqueles que se encontram sob medida de proteção, vivendo em serviços de acolhimento.

Hoje, portanto, mais do que aniversário do ECA, é dia de mobilizar todas as frentes de defesa dos direitos da criança e do adolescente para que possamos avançar ainda mais e não permitir retrocessos.

 

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Fazendo História vence prêmio “Todos por um Brasil de leitores”

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Fazendo História vence prêmio “Todos por um Brasil de leitores”

08/jul/16

Com enorme prazer compartilhamos que o Instituto Fazendo História foi um dos vencedores do prêmio “Todos por um Brasil de leitores”, promovido pelo Ministério da Cultura! Prêmios como este tem um imenso valor, pois permitem dar continuidade e multiplicar o trabalho com histórias de vida através da literatura infanto-juvenil.

Através deste prêmio, poderemos implementar e incrementar bibliotecas de 6 serviços de acolhimento, tornando esses espaços mais aconchegantes e convidativos, além de entregar novos livros que enriquecerão o acervo dessas organizações.

Também como resultado deste prêmio, nos próximos meses, realizaremos novos ciclos de formação de colaboradores voluntários que atuem como mediadores de leitura nos serviços de acolhimento beneficiários. Entre no nosso site, fique atento à data da próxima formação e se inscreva! Venha fazer parte dessa história! 

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Capacitação: "ampliando o olhar sobre as famílias das crianças e adolescentes"

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Capacitação: "ampliando o olhar sobre as famílias das crianças e adolescentes"

No segunda-feira (dia 27 de junho), aconteceu mais uma capacitação do Fazendo Minha História, que contou com 44 participantes. Dessa vez convidamos a especialista Cristina Rocha, psicanalista e supervisora de serviços de acolhimento, para trazer considerações e reflexões sobre o trabalho com famílias. Através dos livros e álbuns, colaboradores têm uma valiosa ferramenta nas mãos para se aproximar de forma acolhedora das famílias, valorizando e registrando nas páginas as versões que constroem sobre suas histórias. Mas que famílias são essas? Que desafios enfrentam? Como acolhê-las? Refletir sobre essas perguntas é fundamental para essa aproximação!

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Para começar, Cristina propôs o seguinte exercício: cada participante deveria escrever em uma folha de papel uma breve descrição sobre a família dos bebês, crianças e adolescentes acolhidos; depois disso as folhas foram recolhidas.

Na sequência todos fecharam os olhos, foram convidados a pensar nas próprias histórias familiares e a relembrar uma cena muito constrangedora que tenham vivido.  Como seria se essa cena fosse divulgada numa rede social? As respostas foram: vergonha; exposição; fraqueza; invasão; constrangimento... Segundo Cristina, quando trabalhamos com as histórias de bebês, crianças e adolescentes que estão nos serviços de acolhimento, lidamos com histórias que foram publicizadas, histórias que passaram a circular no serviço de acolhimento, na comunidade, no judiciário... São histórias que por algum motivo passaram do privado e íntimo para o público. Como será que as famílias se sentem? É possível que se sintam da mesma maneira que os colaboradores.

Qual é a versão da família sobre isso? Que espaços possui para falar a respeito? O olhar que damos às famílias determina a maneira de nos relacionarmos com ela. Por que, como colaboradores, podemos nos propor a escutar histórias difíceis de serem contadas? Segundo os participantes, fazemos isso para: conhecer; ouvir e acolher; reconhecer o indivíduo; reconhecer que tem uma história e se apropriar dela; ajudar a falar e elaborar a própria história; contextualizar; fortalecer o vínculo; aprender a escutar.

Se já fazemos isso tudo com as crianças que participam do projeto, por que não fazer também com as famílias?

Nessa etapa Cristina solicitou que os participantes continuassem a seguinte frase: Família é... As descrições foram: humana; amor; legal; união; acolhimento; base; junção; complexa; vínculo; abrigo; laço; porto seguro; afeto. Em seguida, escreveram: Família de acolhido é... Para a segunda frase as descrições foram: humana; frágil; dividida; desamparo; separação; complicada; dor; sofrida; perda; insegura; rompimento; desestruturada; confusão; afeto; uma família.

Cristina provocou: essas respostas servem para qualquer família? Por que as palavras são tão diferentes quando pensamos nas nossas famílias e nas famílias das crianças que conhecemos e acompanhamos nos abrigos? É possível que o nosso olhar se foque no momento do acolhimento para descrever e olhar as famílias das crianças e adolescentes. Essas palavras descrevem um momento dessas famílias. Mas será que dizem o que elas são de forma mais ampla e aprofundada? As conhecemos em um momento em que a crise é evidente. Mas há um contexto maior, muitas vezes de invisibilidade e precariedade social e nem sempre sabemos o que aconteceu de fato.

O colaborador pode oferecer uma escuta cuidadosa e empática, a fim de permitir que os afetos bons e ruins possam aparecer para serem registrados e elaborados. Na prática o colaborador pode ajudar a montar a árvore genealógica da criança; registrar e valorizar lembranças anteriores ao momento do acolhimento; marcar encontros no dia da visita das famílias para apresentar o álbum e fazer registros. Na impossibilidade desse tipo de encontro é possível fazer perguntas para as crianças e adolescentes buscarem respostas com suas famílias ou em suas memórias.

Muitas vezes o colaborador pode ser aquele que mexe num lago que estava muito calmo e possibilita rever os lugares de cada um dentro do abrigo, dar novas posições às famílias e às crianças. Como ser um olhar que soma? Respeitar as histórias, oferecer um olhar cuidadoso e generoso sem tomar um fato pela história inteira.

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Neste momento da capacitação, Cristina mostrou um trecho do filme “O começo da vida” que mostrava a relação de uma mãe com seu filho. Embora estivessem em um contexto social de risco, a mãe era muito amorosa e cuidadosa com seu bebê. Foi possível refletir que esta mesma situação pode ser descrita de muitas formas. Alguns podem se ater ao espaço físico precário; outros podem se sensibilizar com o a forma carinhosa da mãe se relacionar com seu bebê. Se olharmos atentamente e sem julgamento, nos daremos conta que há muitas versões possíveis para uma mesma história e que elas não se excluem necessariamente.

Para encerrar esse encontro cheio de questionamentos e reflexões, os participantes receberam de volta o que haviam escrito no início sobre as famílias dos acolhidos. E ao serem indagados se mudariam o que escreveram muitos puderam responder que... SIM! Olhares e formas de compreender as famílias puderam se ampliar ao longo da capacitação.

 

Sugestão de materiais

Texto: A “safada” que “abandonou” seu bebê. Eliane Brum (http://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/12/opinion/1444657013_446672.html)

Vídeo aula sobre o Trabalho com Famílias (https://vimeo.com/158619093)

Filme: O começo da vida. (Direção: Estela Renner)

TED: O perigo de uma história única (https://www.youtube.com/watch?v=qDovHZVdyVQ)

 

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"Mar de Histórias":  ações de mediação de leitura e outras atividades

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"Mar de Histórias": ações de mediação de leitura e outras atividades

Voltamos a divulgar notícias sobre o projeto “Mar de Histórias”, em desenvolvimento com apoio do MINC e financiamento da Cosmoquímica e Exportadora de Café Guaxupé.

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Desde maio, os serviços de acolhimento participantes vêm se dedicando a pensar e colocar em prática ações regulares de mediação de leitura em sua rotina. Após o 1º seminário, a equipe do FMH visitou cada casa para ajudar a planejar e fortalecer as ações regulares com os livros. Nestas visitas, os técnicos do serviço de acolhimento puderam também esclarecer dúvidas sobre a implementação da metodologia, fortalecendo-se para realizar a gestão do trabalho no dia a dia da casa.

A partir disso, as bibliotecas de cada casa estão sendo montadas; crianças e adolescentes começam a se encantar e valorizar o universo literário; os educadores começam a adotar em sua rotina de trabalho a prática de ler e se relacionar afetivamente com as crianças através de uma boa leitura!   

Paralelamente, os voluntários formados e selecionados para participar do projeto deram início a encontros com os meninos e meninas acolhidos. Através desta relação e do contato prazeroso com os livros, crianças e adolescentes melhoram a compreensão do texto e do mundo, fortalecem seus gostos e preferências, descobrem perguntas e respostas para assuntos da vida, são estimulados a falar de si e de suas histórias, dando novos significados para o vivido no passado e no presente.   

Nos dias 28 e 29 de junho, foi realizado o 2º seminário com os profissionais dos serviços de acolhimento. Seu objetivo foi compartilhar as boas práticas iniciadas em cada abrigo e fortalecer o papel de mediador de leitura entre os participantes, através de novas atividades e reflexões. Neste seminário, retomou-se também o planejamento do “Mar de Histórias”, evento que oferecerá aos frequentadores de algum espaço público próximo ao serviço de acolhimento um contato diferente e descontraído com os livros, através de brincadeiras e mediação de leitura. Trata-se de uma forma de envolver a comunidade, difundir o poder do livro e contribuir com o desenvolvimento do prazer pela leitura. Através de trocas de ideias e de estratégias, cada serviço de acolhimento pôde se inspirar para desenvolver o evento de forma mais envolvente e interessante.

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Instituto Fazendo História inicia projeto de família acolhedora na cidade de SP

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Instituto Fazendo História inicia projeto de família acolhedora na cidade de SP

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O Instituto Fazendo História iniciou uma nova modalidade de acolhimento, pioneira na cidade de São Paulo, o “Famílias Acolhedoras”. Nesse serviço, crianças de até dois anos de idade que precisam de acolhimento provisório, são acolhidos por famílias selecionadas, formadas e supervisionadas para exercer esse papel temporariamente.

Atualmente, duas famílias fazem parte do programa e estão acolhendo crianças em suas casas. Outras cinco famílias já estão prontas para iniciar o acolhimento. Nos meses de julho e agosto, serão realizadas novas reuniões de apresentação e o início de um novo processo de formação para as famílias selecionadas.

“Garantir a permanência dos bebês em um ambiente familiar tem se mostrado uma estratégia mais eficaz para o bem cuidar do que as instituições. Hoje, existe uma Campanha Mundial pela não institucionalização dos bebês da qual o Instituto Fazendo História participa ativa, política e também praticamente, ao propor este projeto na cidade de São Paulo”, diz Isabel Penteado, coordenadora geral do Instituto.

As experiências vividas por uma criança nos seus primeiros anos de vida deixam marcas e influenciam de forma significativa o seu desenvolvimento. Pesquisas apontam que para cada ano vivido em uma instituição, uma criança perde cerca de 4 meses de desenvolvimento. Por isso, o Instituto desenvolve seu serviço de acolhimento familiar focado na primeiríssima infância e tentar fazer com que essa modalidade torne-se um modelo prioritário de acolhimento no Brasil.

“O envolvimento no projeto vai muito além dos cuidados diários com o bebê. Sua história está sendo cuidada de forma criteriosa, cheia de respeito e atenção. Participar deste processo e fazer parte de sua história de vida torna nosso ato ainda mais gratificante”, conclui Márcia, uma das famílias acolhedoras acompanhadas pelo Instituto.

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Claudia Vidigal, presidente do Instituto Fazendo História, é finalista do Prêmio Visionaris 2016

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Claudia Vidigal, presidente do Instituto Fazendo História, é finalista do Prêmio Visionaris 2016

Claudia Vidigal, presidente do Instituto Fazendo História, é finalista do Prêmio Visionaris 2016, promovido pela Ashoka e Banco UBS.

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O prêmio tem como objetivo reconhecer empreendedores sociais de destaque. Para o UBS, um empreendedor social é uma pessoa que possui visão, criatividade e determinação de um empreendedor comum, mas usa essas qualidades para projetar soluções que acabem ou minimizem problemas sociais complexos.

O tema do Visionaris deste ano é “Diversificando a captação, inovando na geração de receita". Na opinião do UBS, apenas as organizações sociais que projetam sistemas de financiamento criativo e diversificado podem assegurar um modelo sustentável de intervenção, como é o caso do Instituto Fazendo Instituto, um dos 4 finalistas.

Recebemos e compartilhamos a notícia com imensa alegria.

O Fazendo História entende que mobilizar recursos extrapola a questão financeira e considera seu recurso mais precioso os cerca de 700 voluntários que atuam diretamente com as crianças e adolescentes semanalmente.

Quanto valem essas relações de cuidado para quem está afastado de sua família?

Obrigada Ashoka, UBS, parceiros e voluntários, por reconhecer o valor se nosso trabalho.

 

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Presidente do Instituto Fazendo História participa de encontro de líderes promovido pela Ford Foundation em NY

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Presidente do Instituto Fazendo História participa de encontro de líderes promovido pela Ford Foundation em NY

Claudia Vidigal, presidente do Instituto, participou entre os dias 1 e 16 de junho, em Nova York, do evento realizado anualmente pela Ford Foundation que reúne líderes sociais. Segundo o critério da organização, Claudia foi selecionada por liderar uma ONG que transforma o mundo e desenvolve um trabalho importante na melhoria da vida das pessoas.

“Nossa participação objetiva aprender com outros e com experiências bem sucedidas, trazer para o Brasil coisas novas e boas, que estão dando certo pelo mundo", considerou a presidente.
 
Durante duas semanas, os líderes de 5 países passaram por um intenso programa de treinamento que contou com a presença de profissionais de universidades dos Estados Unidos, como Columbia e Yale University. Durante o treinamento, visitaram a cidade de Nova York e suas diferentes comunidades, além de conhecer a sede da Ford Foundation, em Dearborn, no estado de Michigan.

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Notícias do projeto "Mar de Histórias", em desenvolvimento com o apoio do MinC

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Notícias do projeto "Mar de Histórias", em desenvolvimento com o apoio do MinC

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Voltamos a divulgar notícias sobre o projeto “Mar de Histórias”, em desenvolvimento com apoio do MINC e financiamento da Cosmoquímica e Exportadora de Café Guaxupé.

Após a seleção dos serviços de acolhimento, nos dias 10 e 11 de maio foi realizado o 1º seminário com a participação de profissionais dos serviços de acolhimento parceiros. Esta ação ocorreu na sede da Fundação Criança, em São Bernardo do Campo, e teve como objetivos: apresentar os princípios que norteiam todas as linhas de atuação do Instituto Fazendo História através de uma contextualização histórica do funcionamento dos serviços de acolhimento no Brasil; apresentar os objetivos do trabalho com histórias de vida desenvolvido pelo FMH; e formar profissionais como mediadores de leitura.

Nesta descontraída ação formativa, os participantes se conheceram, se entrosaram e trocaram muitas ideias sobre seu papel profissional e a possibilidade de utilizar os livros como ferramenta diária de trabalho. Muito envolvidos com as atividades e reflexões propostas, tiveram oportunidade de conhecer e se relacionar com o acervo de livros entregue pelo projeto de forma divertida e descontraída, através de brincadeiras que poderão ser replicadas com as crianças e adolescentes. Além disso, todos refletiram e debateram sobre a função dos livros e da literatura. Foram abordados aspectos como: livros como mediadores de relacionamentos humanos; livro como favorecedor da construção de vínculos de afeto e confiança; literatura como organizadora do mundo interno; leitura compartilhada como forma de convidar as crianças a expressarem suas vivências e sentimentos; leitura como momento prazeroso de contato entre adultos e crianças; literatura como possibilidade de sonhar e construir projetos de vida; diferença entre mediação de leitura e contação de história; montagem de espaços convidativos de leitura; diferença entre uso afetivo e pedagógico dos livros; importância de os momentos de mediação não serem obrigatórios e sim convidativos, interessantes.

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No final deste primeiro seminário os profissionais planejaram as ações relativas a livros e leitura que passarão a acontecer em cada casa. Além disso, foram entregues livros infantis e juvenis, esteiras de leitura, materiais didáticos e organizacionais que servem para a replicação do projeto e para o desenvolvimento do trabalho no dia a dia da casa.

Nesta e nas próximas semanas serão planejadas e realizadas a formação dos voluntários e as 2as visitas em cada serviço de acolhimento para acompanhá-los e auxiliá-los na implementação das bibliotecas e no planejamento do evento literário que dá nome ao projeto: “Mar de Histórias”. Este evento é uma ação em espaço público (praça, parque ou biblioteca pública) repleta de brincadeiras literárias gostosas e mediação de leitura abertas ao público frequentador do espaço.

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Notícias do projeto "Mar de Histórias", em desenvolvimento com apoio do MinC: novos serviços de acolhimento

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Notícias do projeto "Mar de Histórias", em desenvolvimento com apoio do MinC: novos serviços de acolhimento

O programa Fazendo Minha História expandiu suas atividades! Sete novos serviços de acolhimento iniciarão o trabalho com histórias de vida. Essa implementação tem apoio do Ministério da Cultura e financiamento das empresas Cosmoquímica e Exportadora de Café Guaxupé.

Nesse mês de junho, as técnicas do programa realizaram a formação inicial para os interessados. 20 voluntários foram formados e já estão prontos para iniciar o trabalho de resgate e registro de histórias de vida e incentivo à leitura com crianças e adolescentes.

Os novos serviços de acolhimento são das cidades de São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Mauá:

Associação São Luiz – São Bernardo do Campo
Lar Escola Municipal de São Caetano do Sul
Abrigo Municipal de Mauá
Lar Sol da Esperança – Mauá
Casa Andança (Fundação Criança) – São Bernardo do Campo
Casa Raio de Sol (Fundação Criança) – São Bernardo do Campo
Casa Arco-íris (Fundação Criança) – São Bernardo do Campo

 

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Seminário promovido pelo IFH reúne mais de 300 profissionais de serviços de acolhimento do país

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Seminário promovido pelo IFH reúne mais de 300 profissionais de serviços de acolhimento do país

No mês de abril, o Instituto Fazendo História, em parceria com a Fundação Salvador Arena, promoveu um seminário que reuniu 300 participantes, entre educadores, técnicos e coordenadores de serviços de acolhimento para debater a formação dos profissionais que atuam com crianças e adolescentes separados de suas famílias.

Nesse encontro foi lançado o kit “Vamos abrir a roda”, que reúne livros, vídeos, referências de atividades e fichas de reflexão sobre os desafios enfrentados no dia a dia dos serviços de acolhimento. Tudo para oferecer um material que seja um suporte para as reuniões e formações continuadas que precisam acontecer nos serviços para melhor acolher as crianças e adolescentes. 

Todos os serviços presentes receberam o material, bem como outros de todo o Brasil que solicitaram o envio. Se você é um serviço de acolhimento e não tem esse material, escreva-nos para pensarmos como viabilizar seu acesso a ele! 

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Crianças e adolescentes e seus padrinhos comemoram os vínculos construídos no programa de Apadrinhamento Afetivo

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Crianças e adolescentes e seus padrinhos comemoram os vínculos construídos no programa de Apadrinhamento Afetivo

O programa de Apadrinhamento Afetivo comemora suas primeiras conquistas! Buscando proporcionar a construção e manutenção de vínculos afetivos individualizados e duradouros para crianças e adolescentes com previsão de longa permanência em acolhimento institucional, o Instituto Fazendo História deu início ao programa em 2015, em parceria com a Vara Central da Infância e da Juventude e três serviços de acolhimento participantes e com financiamento da empresa Harley Davidson.

(Foto: Renan Paciulo)

(Foto: Renan Paciulo)

O Instituto Fazendo História realizou a qualificação e seleção dos padrinhos e madrinhas e a preparação das crianças e adolescentes participantes. A convivência entre adultos e crianças acontece desde o final de 2015, inicialmente em grupos e dentro do espaço do abrigo. Uma vez que os núcleos de apadrinhamento foram estabelecidos, a convivência passou a ser individualizada e a acontecer também fora do abrigo. Relações de afeto, respeito e amizade foram pouco a pouco sendo construídas. Depois de toda esta primeira etapa, nada mais justo que uma festa para comemorar o apadrinhamento e os diferentes encontros que o projeto proporcionou!

A comemoração aconteceu no dia 27 de fevereiro de 2016 e reuniu 24 padrinhos e madrinhas, 19 afilhados e afilhadas, além das equipes técnicas dos serviços de acolhimento, representantes da Vara Central da Infância e da Juventude e a equipe do projeto. Foi uma manhã deliciosa na praça Victor Civita, cheia de brincadeiras, livros e lanchinhos. Houve também um pequeno sarau em que cada núcleo fez uma apresentação: de dança, música, mímica, leitura de poesia... Como símbolo da forte relação que está sendo construída entre padrinhos, madrinhas e as crianças e adolescentes, um relicário com a foto do núcleo foi oferecido a cada participante do projeto. Um momento emocionante, que ficará guardado na memória de todos!

E o projeto não para por aí! Os vínculos seguem sendo construídos, bem como as possibilidades de novos e surpreendentes encontros no Apadrinhamento Afetivo!

 

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OFICINA: "Todo(a) cuidador(a) deve receber apoio, atenção, formação e ajuda em sua tarefa do bem cuidar"

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OFICINA: "Todo(a) cuidador(a) deve receber apoio, atenção, formação e ajuda em sua tarefa do bem cuidar"

Nos dia 9, 10 e 11 de Novembro, foi realizado o III Seminário Internacional de Qualidade nos serviços de acolhimento de crianças e adolescentes na Universidade Anhembi Morumbi, sob a organização do NECA, no qual foi realizada uma Oficina intitulada: “Todo cuidador deve receber apoio, atenção, formação e ajuda em sua tarefa do bem cuidar” pelo Instituto Fazendo História. A equipe de formação do Instituto, composta pela coordenadora e técnica do Programa, Tatiana Barile e Fernanda Cocitta foi quem realizou a Oficina.

Tatiana Barile iniciou a Oficina, convidando os participantes a realizarem uma dinâmica de apresentação para mapeamento do grupo. Na ocasião havia 40 participantes, tanto homens quanto mulheres, de cargos bem variados (educadores, técnicos, gestores e presidentes de instituições mantenedoras e SAICAS), com formações variáveis nas áreas humanas e sociais (prevalência por assistentes sociais, psicólogos e pedagogos). Foram identificados participantes oriundos de diversas regiões do país, compondo 9 Estados e mais de 20 Municípios, além de estrangeiros.

Após o primeiro momento de identificação e integração, o grupo participou de uma atividade de design thinking, na qual cada um contribuía com uma palavra que representasse as seguintes questões norteadoras:

– O que é cuidado?

– O que é cuidado com as crianças e adolescentes?

– O que é cuidado com os educadores?

A partir destas questões e das contribuições do grupo, formou-se um grande painel no qual as palavras foram agrupadas, formando um grande diagnóstico sobre o tema cuidado. No que diz respeito ao cuidado, ficou claro que cuidado passa pelo afeto, amor, carinho, estar atento ao outro, respeitar o outro, oferecer suporte, empatia, proteção, singularidade, liberdade, honestidade, encontro e limites. Dentre estas palavras as que tiveram grande destaque foram o amor e atenção, que apareceram muitas vezes.

No que diz respeito aos cuidados com crianças e adolescentes, o grupo trouxe: segurança, compromisso, confiança, direcionamento, compreensão, acolhimento, garantia de direitos, disponibilidade, individualidade, atenção, olhar, colo, desafio, amor, respeito, acolher sem estigmatizar, proteção e referência. Nesta categoria, aspalavras que apareceram com maior frequência foram: proteção, escuta e respeito.

Na categoria de cuidados com educadores, o grupo entende que sentem-se cuidados quando: são escutados, tem o suporte técnico para o acolhimento adequado,  acolhidos e amparados pela equipe técnica e coordenação em seus desafios (suporte), informação e conhecimento, quando são respeitados, possuem apoio, direcionamento, amor, olhar, segurança, formação continuada, capacitação e escuta sendo estas, as palavras que apresentaram grande representatividade nesta categoria.

Após a realização desta atividade inicial, o grupo foi convidado a seguir na Oficina através de 4 grupos que pudessem discutir 4 temas, a partir de aspectos positivos negativos e possíveis estratégias, através da metodologia de world café, na qual todos os participantes teriam a possibilidade de contribuir com todos os temas. Os quatro temas discutido foram:

– Seleção de educadores;

– Organização da rotina;

– Histórias pessoais;

– Reuniões de equipe, formação e supervisão;

SELEÇÃO DE EDUCADORES

No que diz respeito à seleção de educadores, os aspectos negativos foram:

– Falta de profissionais qualificados;

– Falta de critérios na seleção (muitas indicações sem perfil);

– Baixos salários;

– Ausência de plano de carreira;

– Alta rotatividade;

Os aspectos positivos foram:

– Divulgação em sites e redes sociais;

– Parcerias com universidades;

– Recursos metodológicos específicos;

– Perfis bem definidos;

– Capacitação e valorização profissional;

Com relação às estratégias sugeridas sobre a seleção de educadores, o grupo trouxe:

– Informações claras sobre as atribuições do cargo desde o início do processo seletivo;

– Desenvolver um passo a passo para inserção do educador no cotidiano;

– Realizar processos formativos dos profissionais;

– Melhorar condições de trabalho (salário, carga horária);

ORGANIZAÇÃO DA ROTINA

No que diz respeito à organização da rotina, os aspectos negativos foram:

– Diferenças de perfis e concepções de trabalho;

– Rotatividade da equipe;

– Dúvidas sobre com fazer;

– Rotina estabelecida sem considerar as singularidades das crianças;

– Prática mecanicista sem reflexão;

– Divergências entre os PIAs e a rotina;

No que diz respeito à organização da rotina, os aspectos positivos foram:

– Alinhamento na equipe;

– Participação dos acolhidos na construção da rotina;

– Momentos de escuta/supervisão;

– Construção da autonomia/co-responsabilidade;

– Estabelecimento de rotinas internas e externas ao serviço;

Com relação às estratégias sugeridas sobre a organização da rotina, o grupo trouxe:

– Estabelecê-la de acordo com as necessidades dos acolhidos;

– Identificação de recursos para a execução da mesma;

– Estabelecimento de comunicação entre todos os educadores e parceiros envolvidos;

– Ordenar prioridades;

– Contemplar atividades pedagógicas na rotina;

HISTÓRIAS PESSOAIS

No que diz respeito às histórias pessoais, os aspectos negativos foram:

– Falta de sensibilidade e exposição das crianças;

– Superproteção/ Identificação dos educadores com as crianças;

– Revitimização;

– Fragilização do educador;

– Falta de suporte técnico e de auto-conhecimento;

No que diz respeito às histórias pessoais, os aspectos positivos foram:

– O conhecimento da história possibilita melhor acolhimento da criança e adolescente;

– Empatia/ motivação;

– Relação de confiança e aproximação entre crianças e educadores;

– Identificação com o trabalho/sensibilização sobre o papel do educador;

– Novas possibilidades de atuação com as crianças e adolescentes;

Com relação às estratégias sugeridas sobre as histórias pessoais, o grupo trouxe:

– Realizar capacitação e supervisão continuada com toda equipe;

– Aprimorar a seleção de profissionais para atuação neste contexto;

– Ampliar repertório e qualidade de vida das crianças acolhidas;

– Aumentar a remuneração dos profissionais para melhorar a qualidade do trabalho com as histórias de vida;

REUNIÕES DE EQUIPE, FORMAÇÃO E SUPERVISÃO

No que diz respeito às reuniões de equipe, formação e supervisão, os aspectos negativos foram:

– Dificuldade para reunir toda equipe (carga horária);

– Encontros muito hierarquizados;

– Distanciamento de diferentes saberes;

– Descontinuidade de acordos e combinados;

No que diz respeito às reuniões de equipe, formação e supervisão, os aspectos positivos foram:

– Reuniões sistemáticas para discussões de caso;

– Formação continuada: mais conhecimento, motivação, diálogo e interação na equipe;

– Supervisão interna (equipe técnica) e externa (profissional especializado);

Com relação às estratégias sugeridas sobre as reuniões de equipe, formação e supervisão, o grupo trouxe:

– Concurso público;

– Formação horizontal;

– Banco de horas para facilitar a participação de todos;

– Capacitação para todos;

– Valorização de saberes da equipe (escuta e fala);

Ao final das apresentações dos quatro grupos, o grupo ressaltou a importância do cuidado com o cuidador como maneira de potencializar a qualidade no atendimento de crianças e adolescentes acolhidos, desde a seleção adequada de profissionais ao constante apoio e aprimoramento profissional de toda equipe. Ficou claro que existem profissionais com muita clareza e comprometimento com seus papéis profissionais, porém, em decorrência de condições precárias de trabalho, como os salários dos profissionais, e o baixo investimento em formação, capacitação e supervisão, o trabalho acaba por ficar fragilizado.

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Sistematização OFICINAS: "Sexualidade na infância e adolescência"

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Sistematização OFICINAS: "Sexualidade na infância e adolescência"

No dia 29 de agosto de 2015, foi realizada a oficina Sexualidade na infância e adolescência, com a presença dos especialistas Renata Guarido e Raul Araújo.

Renata iniciou o encontro trazendo um panorama do desenvolvimento da sexualidade humana. Segundo ela, costumamos pensar em sexualidade somente como o ato sexual. Assim, quando nos deparamos com uma situação relacionada à sexualidade na infância, imaginamos que é algo que veio de fora, alguém estimulou (como se a expressão da sexualidade não pudesse partir da criança).

Renata faz uma diferenciação da sexualidade nos humanos e nos animais. Para os animais a sexualidade é instintiva e acontece somente no momento da reprodução. Após o ato sexual, a satisfação é completa e volta a acontecer somente no próximo período reprodutivo.

A sexualidade humana não é instintiva – ela é construída e é algo que se organiza durante toda a vida, desde o nascimento. Pode ser estimulada de diversas formas, como por exemplo uma música, um cheiro, uma atividade. Também diferentemente dos animais, a excitação não termina e não está ligada somente à função reprodutiva – ela pode ter as mais diversas formas.

Sexualidade é aquilo ligado às experiências prazerosas e o corpo é o lugar onde o prazer acontece, um espaço erotizado. O prazer é algo construído durante a vida, a partir das relações que estabelecemos com os outros. O prazer é, então, algo que se inscreve e deixa rastros.

O prazer no corpo é algo que acontece desde primeira infância. Por exemplo, um bebê, mama não somente para obter o alimento, mas pelo prazer que tem em “chupetar”. Em outros exemplos, como na hora do banho, o prazer não vem somente pela satisfação da necessidade, mas pelo toque no corpo que as atividades de cuidado envolvem. Assim, quando cuidamos, estamos, ao mesmo tempo que satisfazendo necessidades, erotizando o corpo. O corpo é, portanto, uma região marcada pelo prazer – uma superfície de prazer – resultado do encontro com um outro.

O erotismo se manifesta de formas diferentes na infância, adolescência e na vida adulta. O encontro do corpo de crianças com adultos, que não seja da ordem do cuidado, para a criança é abusivo. Se o encontro for entre crianças, não pode ser considerado da ordem do abuso, mas sim da sexualidade infantil.

Sexualidade na infância é um conjunto de acontecimentos prazerosos, mas não definidos. Excitação, para a criança, é algo global – acontece e toma o corpo todo, não é circunscrita a uma região específica. Não é possível acontecer o ato sexual na infância, pois o corpo não está preparado para isso – não existe orgasmo na infância. Não há também, na infância, escolha sexual – tanto faz se é o outro é um corpo de menino ou menina, pois a criança está centrada nas experiência do próprio corpo. Hetero e homossexual são, portanto, definição que ocorrem somente na adolescência.

Sexualidade na adolescência não tem muita diferença da sexualidade na vida adulta. É na adolescência, a partir da puberdade,  que o corpo passa a estar pronto para viver o ato sexual. Adolescência é um acontecimento subjetivo (pode ser diferente nas diversas culturas) e a puberdade é um acontecimento biológico, que envolve hormônios e mudanças corporais.

A sexualidade é algo absolutamente singular – é construída na história de um sujeito, dos encontros do seu corpo com o corpo dos outros. Um mesmo acontecimento é vivido por pessoas diferentes de forma diferentes. Por exemplo, nos diferentes tempos históricos, o significado que se dá à sexualidade na infância ou a homossexualidade pode ser totalmente diverso.

Renata conclui sua fala trazendo esta importante ideia do olhar para a singularidade e contexto de cada sujeito. Costumamos olhar para as situações a partir das nossas histórias, do que vivemos e muitas vezes não corresponde ao que está acontecendo em outra realidade.

Raul Araújo, em seguida à fala de Renata, traz a questão da sexualidade na perspectiva do direito. Como lidamos com a questão da norma – o que é certo errado, justo ou injusto – quando falamos sobre sexualidade no serviço de acolhimento? Raul resgata a origem do ECA, na Constituição Federal de 1988, quando a criança e o adolescente aparecem pela primeira vez como sujeito de direitos. Segundo ele, os direitos das crianças e adolescentes são ainda algo novo e contestado, pois até 1990 a legislação vigente era o Código de Menores, que previa a intervenção do Estado e não firmava direitos. Algumas pessoas dizem que as crianças e adolescentes tem muitos direitos e não deveres, que não são punidos. Segundo Raul, os serviços de acolhimento têm uma forte ligação com questões ligadas à sexualidade, pois em sua origem, nos antigos orfanatos, escondiam a vergonha dos filhos fora do casamento, que escancaravam a sexualidade da mulher e a repressão desta sexualidade.

Raul traz a ideia dos Direitos Sexuais e Reprodutivos. Segundo ele, durante a construção do Plano Nacional de Direitos Sexuais e Reprodutivos, este plano transformou-se no Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra à Criança e o Adolescente, o demonstra uma dificuldade em entender as crianças e adolescentes como sujeitos de direitos.

Os direitos sexuais e reprodutivos são:

  • Direito de viver e expressar livremente a sexualidade sem vio­lência, discriminações e imposições e com respeito pleno pelo corpo do(a) parceiro(a).
  • Direito de escolher o(a) parceiro(a) sexual.
  • Direito de viver plenamente a sexualidade sem medo, vergo­nha, culpa e falsas crenças.
  • Direito de escolher se quer ou não quer ter relação sexual.
  • Direito de viver a sexualidade independentemente de estado civil, idade ou condição física.
  • Direito de ter relação sexual independente da reprodução.
  • Direito de expressar livremente sua orientação sexual: heteros­sexualidade, homossexualidade, bissexualidade, entre outras.
  • Direito à informação e à educação sexual e reprodutiva.
  • Direito ao sexo seguro para prevenção da gravidez indesejada e de DST/HIV/AIDS.
  • Direito aos serviços de saúde que garantam privacidade, sigilo e atendimento de qualidade e sem discriminação.
  • Direito das pessoas de decidi­rem, de forma livre e responsá­vel, se querem ou não ter filhos, quantos filhos desejam ter e em que momento de suas vidas.
  • Direito a informações, meios, métodos e técnicas para ter ou não ter filhos.
  • Direito de exercer a sexuali­dade e a reprodução livre de discriminação, imposição e vio­lência.

Afirma-se, portanto, o direito a ter prazer e desenvolver sua sexualidade de forma saudável– independentemente da condição da criança ou adolescente.

Segundo Raul, muitas vezes as experiências ligadas à sexualidade, prazer e afetos são reprimidas e, por vezes, punidas – marcando na história da criança a ideia de que a sexualidade é algo errado e ligado à transgressão. O Abrigo é o lugar onde muitas vezes estão sofrendo por conta dos rompimentos e da falta do contato afetivo e, por vezes, justamente quando conseguem se vincular (quando começam a namorar por exemplo), essa atitude é controlada e reprimida.

A partir das falas dos dois especialistas, considerando as manifestações das sexualidades existentes nas diferentes faixas etárias, o grupo foi convidado a refletir sobre: Que histórias de prazer e relação com os próprios corpos as crianças e adolescentes estão construindo a partir dessas vivencias nos serviços? As crianças e adolescentes tem estes direitos garantidos nos serviços de acolhimento? Como organizar espaços e ações que promovam a oportunidade do desenvolvimento da sexualidade e prazer de forma saudável?

Para assistir aos melhores vídeos sobre o tema, acesse o link:

https://www.youtube.com/watch?v=Mt9HgzPrGPE&list=PLnXe9VZ1ye9z7oGmuycVDXhzwSIEGpRCb

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OFICINA:  “Adolescência e uso de drogas: pensando caminhos”

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OFICINA: “Adolescência e uso de drogas: pensando caminhos”

No dia 18/07/15, foi realizada a Oficina: “Adolescência e uso de drogas: pensando caminhos”, com a participação dos especialistas: Bruno Ramos Gomes, que possui graduação em Psicologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2006), e mestrado em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP. Atualmente é coordenador e presidente do Centro de Convivência É de Lei, além de psicólogo clínico e Acompanhante Terapêutico. Atua principalmente nos seguintes temas: drogas, redução de danos, vulnerabilidade, crianças e adultos em situação de rua, direitos humanos;  e Valéria Pássaro, que é educadora, com formação em educação libertária, com experiência na coordenação e desenvolvimento de processos de formação em política de assistência e desenvolvimento social. Atualmente é coordenadora pedagógica da Moradia Associação Civil, que trabalha com crianças e jovens em situação de grave risco social.

Bruno iniciou o encontro apontando para o fato de que as drogas sempre existiram na história da humanidade, e que em cada cultura, o uso das drogas tem objetivos/motivações distintas, podendo ter um cunho: religioso, mágico, criativo ou recreativo.

Na cultura dos Andes, o uso de bebidas alcóolicas tem por objetivo “encontrar com o mágico”, com o superior. Em algumas culturas hindus, o uso de maconha tem finalidades religiosas, assim como o vinho está presente na cultura católica.

O que são drogas?

Etimologicamente, a palavra vem do holandês “droog”, que quer dizer seco, coisa seca. Os primeiros relatos foram em 1500 no Porto Holandês, na época em que as expedições estavam acontecendo, e com elas as especiarias sendo descobertas e transportadas para diferentes culturas. Nesta época, não havia distinção entre as drogas e especiarias, e o uso dessas substâncias foi sendo constituído de acordo com as diferentes culturas. No início do séc. XIX, 90% dos medicamentos continham ópio em sua composição química, por tratar-se de um anestésico.

Pela definição da OMS (Organização Mundial da Saúde), droga é toda substância que introduzida no organismo vivo, modifica uma ou mais de suas funções.

Alimentos e remédios também são drogas?

A partir desta definição, reflexões são colocadas: Os alimentos, remédios, veneno seriam drogas? Bruno relata que o que define uma droga não é seu componente químico, mas no contexto, no tipo de uso, dosagem e sentido para cada um. Por exemplo, o café é um alimento que contém cafeína, uma substância que também está presente em medicamentos, e para muitas pessoas causa dependência. O próprio uso da maconha, através de estudos, vem sendo discutido para uso medicinal. Desta forma, quanto menos focarmos na substância e mais no contexto, mais possibilidades de compreensão e intervenções serão possíveis.

Os efeitos causados pelas drogas dependem de aspectos como: frequência, tempo de uso, qualidade da droga, metabolismo, associação com outras drogas, condições psicológicas, físicas e contexto social. É fundamental compreender estes aspectos a fim de não colaborar com generalizações que não possibilitam a compreensão do uso para cada indivíduo, que por sua vez está inserido em um contexto social que possui seus costumes. Segundo Bruno, os contextos proibitivos potencializam o consumo.

Como lidar com o uso de drogas no contexto do acolhimento?

Valéria Pássaro iniciou sua fala compartilhando sua trajetória profissional e experiência com adolescentes na Casa das Expedições, Ubuntu e Casa Taiguara. Valéria compartilhou a percepção de que a nossa sociedade possui uma visão muito moralista sobre drogas, sobretudo nos serviços de acolhimento nos quais as equipes estão mais preocupadas com a trajetória das drogas do que com as histórias de vida dos meninos. Valéria aponta para a importância de reconhecer os diferentes tipos de uso, a fim de não haver generalizações na compreensão dos fenômenos.

Neste sentido, é fundamental trabalhar com projetos de vida, a partir das trajetórias individuais de cada um, e nos quais eles possam trazer seus desejos e não a partir de nossos valores morais. Neste sentido, é fundamental ver os desejos e possibilidades das famílias junto com elas e não por elas.

As drogas fazem parte da adolescência, por isso é fundamental ofertar espaços para diálogo, para que eles possam falar sobre a sua relação com as drogas e não espaços moralistas de questionamentos.

Valéria falou sobre uma perspectiva importante na relação entre os educadores/técnicos e os adolescentes, na qual os lugares dos profissionais reafirmam o lugar dos adolescentes podem ter no mundo. Neste sentido, que intervenções favorecem a possibilidade dos meninos recriarem seus lugares no mundo, com novas maneiras e perspectivas?

Os adolescentes não são todos iguais, é preciso olhar para eles individualmente, o que acaba não acontecendo no cotidiano dos SAICAS, que acabam por exercer uma atuação muito “robotizada” e careta, favorecendo a compreensão dos adolescentes como problema e tendendo a medicalização para a normatização. Se os médicos prescrevem, pode-se usar drogas lícitas, mas ilícitas nem pensar! Valéria trouxe importantes reflexões acerca da banalização da medicalização lícita.

Valéria ressalta a importância da revisão e reinvenção das formas de se receber os meninos, e sair da perspectiva do julgamento do certo e errado. Os adolescentes chegam fragilizados, muitas vezes sem perspectivas, nas quais a única “saída” é recorrer para o uso de drogas, e assim apresentam o melhor e o pior deles, como maneira de pedir ajuda, e se os abrigos não estão preparados para lidar com isso, acabam por colocar em prática atuações coercitivas que colaboram para as rupturas, fragilizando as relações e potencializando o uso de drogas.

Por fim, Valéria ressalta a importância de favorecer um espaço para pensar os desejos e projeto de vida, a partir da perspectiva do aqui agora e não do futuro, pois se eles não têm clareza sobre o que eles são e querem neste momento, como poderão pensar no futuro?

Valéria indica dois filmes que podem contribuir para o trabalho com os adolescentes e uso de drogas, que são: “Os alunos da sala 36” e o documentário “Tarja branca”.

Após a exposição dos especialistas, os participantes reuniram-se em pequenos grupos para discussão e trouxeram as seguintes questões para os especialistas:

  • Como lidar com as diferentes regras de serviço de acolhimento e família (na questão do apadrinhamento)? Por exemplo, o serviço trabalha com o adolescente, mas quando ele vai para a família, a realidade é outra.

  • Como tornar as atividades e outros espaços tão atrativos quanto o prazer do uso de drogas?

  • Como lidar com a influência dentro do serviço de acolhimento, quando chega um adolescente que é usuário e acaba levando outros para o mesmo caminho?

  • Na prática, o que fazer frente as limitações da Rede?

  • Como uma equipe acolhe um adolescente com histórico de drogadição? Como realizar este trabalho com a Rede?

  • Quais as possibilidades de realizar um trabalho de redução de danos nos SAICAS?

  • Como trabalhar com a família que rejeita a criança/adolescente por conta do uso de drogas?

  • Como trabalhar a questão do uso de drogas enquanto equipe, quando o usuário é a família?

Para abordar o tema drogas com os adolescentes, é fundamental que não seja através de um discurso moralista ou médico, mas sim através das escolhas e consequência delas, de maneira individual. Neste sentido, trabalhar a autonomia, na qual os adolescentes possam refletir e realizar escolhas de maneira responsável é um caminho. A autonomia é um processo que deve ser realizado desde pequenos, e não às vésperas da maioridade. Outro aspecto fundamental é reconhecer as qualidades e potências dos meninos, e não só para a sua relação com as drogas.

No que tange às possibilidades de trabalho em Rede, é importante trabalhar sobre a perspectiva de parcerias para além dos serviços gratuitos, e atuar com maior ampliação e apropriação da cidade para os meninos, e sair da lógica de que “pobre” só pode fazer atividades gratuitas. O papel do abrigo é ajudar a Rede a reconhecer os meninos em sua totalidade, e a participação da família é fundamental.

Sobre a questão de drogadição na Rede, é fundamental ter clareza do que se busca e quais são os equipamentos que atendem a demanda em questão. Ainda sim, é fundamental atuar de maneira criativa, através das próprias Redes afetivas que os meninos estão constituindo, para que seja possível ofertar outras possibilidades de satisfação e prazer que as drogas causam.

Para assistir aos melhores momentos da Oficina, acesse o link:

https://www.youtube.com/watch?v=k48N89DarDA&list=PLnXe9VZ1ye9xUHW2ctyXsKVNuG9I4_7TO

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OFICINA: “Ritos de passagem: Chegadas e despedidas"

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OFICINA: “Ritos de passagem: Chegadas e despedidas"

No dia 20/06/15, foi realizada no Colméia, a Oficina: “Ritos de passagem: Chegadas e Despedidas, com a participação das especialistas: Gabriela Caselatto e Bianca Maidlinger. Gabriela é psicóloga, mestre em adoção, doutora em abandono. Atualmente é supervisora clínica do Programa Contato do Instituto Fazendo História. Bianca Maidlinger é formada em pedagogia Waldorf, e dedica-se a estudos e práticas da Pedagogia de Emergência.

Gabriela iniciou o encontro. Quando pensamos nas crianças e adolescentes acolhidos, o que imaginamos? Aspectos como abandono, negligência, maus tratos, violência sexual entre outros, são motivos para o acolhimento.

Segundo Gabriela, o abandono é um aspecto de difícil definição. Só é possível ser descrito à partir da própria vivência de quem já foi abandonado. Gabriela contextualizou o acolhimento na perspectiva das crianças e adolescentes, como “eles não estão lá porque querem”, foram tirados de suas famílias, de suas escolas, de toda a sua rotina, das pessoas com as quais tinham vínculos. Neste momento, Gabriela propôs uma dinâmica para o grupo, na qual todos os participantes deveriam escolher um objeto de valor significativo e depositá-lo em uma caixa no centro da sala, quefoi retirada da sala repentinamente. Gabriela perguntou ao grupo como estavam se sentindo, e o grupo relatou: dúvida, dor, raiva, tristeza, curiosidade, angústia, coração disparado e etc. Neste momento, Gabriela perguntou o motivo pelo qual elegeram este objeto para a atividade, e de um modo geral, o grupo relatou ter escolhido um objeto de muito valor pessoal. Gabriela apontou para o fato de reconhecer o que é importante para o outro, além da empatia com relação às emoções das crianças e adolescentes ao chegarem aos serviços de acolhimento.     

Muitas vezes, as perdas vividas pelas crianças e adolescentes geraram grande dor e instabilidade emocional. A segurança é um dos aspectos fundamentais para o desenvolvimento emocional saudável, e a sua ausência pode gerar grandes dificuldades de desenvolvimento de vínculos de confiança, entre outras questões psíquicas bem importantes.

O que é abandono?

Abandono é a privação do vínculo afetivo, cuidados maternos, proteção e conforto daquele que responde às necessidades básicas. A segurança pode representar algo conhecido, por isso crianças que apanham todos os dias tem este referencial, e apesar de não ser saudável apanhar, é algo conhecido que muitas vezes se torna uma forma de demonstrar afeto. Se esta criança passa a não reconhecer mais esta dinâmica, passa a ficar insegura, pois não tem controle da situação e não reconhecer o que é conhecido, habitual.

As privações parciais ou totais de afeto, causadas por rupturas, insuficiência de interação, descontinuidade e reações de luto, afetam as esferas: emocional, física, cognitiva, comportamental e social.

O luto e suas manifestações

O luto são reações às perdas. No caso das crianças e adolescentes acolhidos, o luto é vivido nos pequenos aspectos como: família, casa, brinquedos, comida, cheiros, hábitos, escola, lugares e etc. As manifestações de luto podem ocorrer de maneira misturada, com sentimentos de raiva, angústia, perda de referência, medo e etc.

As crianças que não se adaptam a algum lugar estão vivendo um processo de luto. A não adaptação pode ser uma forma de reaver o que tinha antes. Ainda sobre o luto, Gabriela trouxe mais elementos para identifica-lo, muitas vezes “velado” por outras emoções, como por exemplo:

  • Raiva – Luto

  • Desinteresse – Insegurança

  • Desprezo – medo do abandono e rejeição

  • Ansiedade – Dificuldade de adaptação ao novo

  • Recusa do cuidado e do afeto – desejo de segurança e controle

Muitas vezes, as crianças não conseguem identificar e reconhecer suas emoções e, por vezes, podem utilizar de mecanismos de manipulação para obter satisfação imediata, apresentando baixa tolerância à frustração e tendendo a recriar vivências de rupturas, confirmando a crença de que não é possível confiar novamente.

Ao chegar ao abrigo, a criança/adolescente está insegura (o) e em alerta, como uma tentativa de se proteger e se preparar para o pior, com medo de que uma nova ruptura, um novo abandono aconteça. Neste sentido, é possível identificar alguns comportamentos nas crianças mais “pegajosas”, como o desejo pelo controle e tentativa de evitar novo abandono, enquanto outras crianças/adolescentes utilizam o desprezo como forma de manter um distanciamento seguro a fim de evitar novas rupturas. O medo de que elas aconteçam novamente está presente nas duas formas de interação.

As crianças “boazinhas” tentam garantir a aceitação. As crianças que fazem parte de famílias presentes fisicamente, mas distantes emocionalmente, tendem a serem “grudentas”, enquanto que as crianças que vivenciaram rupturas definitivas tendem a desprezar as relações e se isolar.

O que é melhor? A criança ser criada na instituição ou viver com sua família mesmo que esta não tenha condições de prover-lhe um cuidado adequado?

“Independentemente de permanecer muito ou pouco tempo em um lar substituto, as crianças precisam ser ajudadas a encontrar formas satisfatórias de viver e se tornar inteiros” (Wilgocki e Wright , 2002).

É fundamental que as equipes possam acolher as crianças e adolescentes e realizar a leitura dos casos, compreendendo individualmente as histórias, considerando a idade, histórico familiar, relação com a família de origem, e manifestações emocionais de cada criança e adolescente, a fim de proporcionar novas possibilidades de desenvolvimento de vínculos e afeto. Desta forma, o adulto deve demonstrar: aceitação, curiosidade, interesse, empatia, afeto, divertimento na relação com a criança, disponibilidade para realizar leitura nas entrelinhas, respeitar os limites das crianças. A informação e a verdade são fundamentais no cuidado com crianças e adolescentes. Mentir para evitar sofrimento das crianças e adolescentes só prejudica ainda mais as possibilidades de aceitação e elaboração das experiências de cada um.

As famílias possuem funções fundamentais para o desenvolvimento das crianças e adolescentes, tais como: reprodução, cuidados físicos e emocionais, identificação, socialização, educação e sustento. No contexto do acolhimento, os adultos: educadores e técnicos acabam por exercer grande parte das funções familiares. Apesar de ser uma medida provisória, implica no estabelecimento de relações de afeto, o que é um grande tabu para os profissionais do acolhimento, que muitas vezes acreditam que o trabalho não deve envolver emoções. Neste sentido, Gabriela reforça o fato de que os cuidadores precisam ser cuidados, para que possam sentir-se confortáveis e seguros em suas práticas profissionais.

O que é Pedagogia de Emergência?

Após a fala da Gabriela Casellato, Bianca inicia sua fala, apresentando brevemente a pedagogia Waldorf e contextualizando a Pedagogia de Emergência, criada em 2006. Segundo Bianca, Pedagogia de Emergência são intervenções realizadas antes da instalação do trauma. Os traumas são considerados como vivências emocionais muito estressantes, tais como: maus tratos, abuso, guerra, desastres naturais, que dependem da intensidade, duração, idade, contexto e rede social disponível no momento. O apoio familiar é um fator muito importante de proteção ao trauma, especialmente em situações de guerra.

As fases de intervenções são: Aguda (até dois dias após o acontecimento de uma situação traumática), estresse pós-traumático (até uma semana após a situação traumática), distúrbios pós-trauma e mudança permanente. As intervenções são realizadas até 8 semanas após o fato, pois entende-se que ainda é possível reverter a situação traumática.

Luto X Trauma

Segundo Bianca, todo trauma acompanha um luto, uma perda. Nem sempre o luto está relacionado ao trauma, mas à possibilidade de despedida. O luto está mais relacionado a rupturas e separações, e pode apresentar-se com desânimo aparente, raiva, no qual falar a respeito pode aliviar. O trauma está relacionado à maus tratos, abuso, guerra e desastres naturais. Todo trauma acompanha um luto. Ao vivenciarmos situações traumáticas, os sentidos ficam comprometidos, por isso, a metodologia de intervenção da pedagogia da emergência contempla atividades como: jogos cooperativos, atividades com equilíbrio, ritmos, aquarela, música, dança, argila e contação de histórias, como possibilidade de elaboração das vivências traumáticas

Na concepção da pedagogia da emergência, as crianças “traumatizadas” são portadoras de necessidades especiais, pois interferem diretamente em aspectos físicos e psicológicos, e necessitam de um cuidado diferenciado.

A partir do momento em que o trauma já está instalado, no contexto do acolhimento, é importante considerar as experiências e possibilidades de futuro. A fim de apoiar as crianças e adolescentes que vivenciaram situações traumáticas, é fundamental que as equipes possam atuar em três dimensões: psicológica (relacionamento/vínculos com os “cuidadores”), vital (rotina, aniversários, altar para ritualizar despedidas) e física (relacionada a estrutura do local). Acredita-se que a partir de bons vínculos, é possível elaborar traumas relativos à perda de confiança e investimento no afeto, assim como espaços de verbalização e realização de práticas e rituais que permitam externalizar emoções, bem como um espaço físico acolhedor e cuidado, favorecem a elaboração de traumas. Clareza, transparência e estética curam.

As questões trazidas às especialistas foram:

  • Como trabalhar as histórias de vida das crianças com os educadores, partindo do pressuposto que deve haver sigilo, e muitas vezes os mesmos não estão preparados para cuidar adequadamente das histórias?

  • Como falar a verdade sobre os motivos do acolhimento, para as crianças pequenas?

  • Como lidar com as crianças que vão permanecendo nos SAICAs, sem perspectiva de reintegração familiar e/ou adoção? E como lidar com os retornos das adoções que não deram certo?

  • Como lidar com a angústia da equipe com relação ao desacolhimento e a forma como as crianças serão cuidadas?

  • Como facilitar os vínculos com os adolescentes?

Com relação ao trabalho das histórias de vida com as equipes, é importante reconhecer que nunca haverá coesão sobre a forma de conduzir e lidar com as questões e com as histórias de vida, isso porque as histórias das crianças muitas vezes refletem em suas próprias histórias e limites. É fundamental que as equipes possam reconhecer e respeitar seus limites, e a partir disso poder apoiar uns aos outros. No entanto, profissionais que fazem uso equivocado das histórias de vida das crianças e adolescentes, precisam de ajuda, pois podem representar que algo vivenciado por ela não foi elaborado.

Com relação às saídas, cada criança evoca dores em quem fica. Os educadores podem apoiar as crianças, legitimando sua dor, e oferecendo espaços de escuta, cuidando para não prometer algo que não possa ser cumprido. Escrever cartas, realizar festas de despedidas, podem ser importantes ferramentas a serem inseridas no cotidiano dos abrigos. Já na chegada das crianças e adolescentes, é importante reconhecer e respeitar os limites de cada um, e oferecer um ambiente acolhedor através do olhar, escuta, tom de voz, toque. A participação de crianças e adolescentes que residem na casa, também é uma estratégia acolhedora para quem chega. Além disso, as características de cada educador devem ser reconhecidas como importantes para o desenvolvimento dos vínculos com as crianças e adolescentes.

O reconhecimento de que as saídas evocam sentimentos em todos que ficam é o primeiro passo para validar e dar a oportunidade de se falar sobre o assunto. Assim como nas chegadas, as despedidas podem ser cuidadas a partir de rituais que possam favorecer novos referenciais de despedidas para as crianças e adolescentes. Para as crianças é muito importante reconhecer nos adultos suas emoções, mas muitas vezes a equipe tenta não demonstrar fragilidade, desvalidando as emoções vivenciadas.

Sobre as devoluções nos casos de adoções que não deram certo, não é fácil re-editar o abandono. Porém, muitas vezes não se sabe os motivos, o que se sabe é que no processo de adoção, tanto a família quanto a criança, receiam a rejeição. Para as crianças devolvidas, é fundamental acolhê-las, e mais uma vez promover espaços de escuta e expressão de seus sentimentos. É fundamental que a equipe possa oferecer um ambiente físico e emocional seguros para que as crianças possam cuidar de suas rupturas e abandono, e não espaços que potencializam a fragilidades e incertezas.

Com os adolescentes, os vínculos devem ser realizados a partir de uma base segura, na qual eles possam experimentar e ter vivências e voltar para compartilhá-las. Os adolescentes tendem a testar essa base, e muitas vezes os adultos se ressentem com a mentira e agressividade, o que os leva a entrar no embate com os adolescentes. Os adultos podem ser seguros, firmes, respeitosos e afetivos, desempenhando assim uma autoridade afetiva, que acolhe tanto os acertos quanto os fracassos.

Com relação aos motivos do acolhimento para as crianças pequenas, é importante considerar a capacidade de compreensão de cada idade e tempo de cada criança. Com os bebês, o importante não é o conteúdo verbal, e sim a forma de se relacionar com ele. Na medida em que as crianças vão crescendo, a capacidade de compreender e elaborar suas histórias a partir do lúdico, contação de histórias, experiências cinestésicas, são importantes ferramentas de contato com o mundo. Estas experiências atuais podem reassegurá-los neste novo mundo e na perspectiva de refazerem suas histórias.

Para assistir aos melhores momentos da Oficina, acesse o link:

https://www.youtube.com/watch?v=bztRdm9RLU0

 

 

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